
Economia | 28/03/2011 | 14:53
Fumicultores poderão ter energia mais cara
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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Aos fumicultores, o cenário desenhado pelo Governo Federal é desanimador. A categoria teme perder força com a proibição de açucares no produto devida a uma consulta pública na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, há também um outro fator que poderá afetar a atividade. Por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a intenção é elevar a tarifa para índices que não figuram entre a classe rural. O impacto poderia resultar em 70% de diferença, de R$ 0,21 para R$ 0,35 o quilowatt por hora.
"A resolução foi criada em setembro. Contudo, a Cooperaliança ainda não aplicou aos associados pois considera a possibilidade de mudanças em Brasília quanto a determinação", explica a gerente de regulamentação da distribuidora de energia içarense, Janaina Barbosa Moneretto. Dentre as 2,8 mil propriedades classificadas atualmente como rurais no município, a mudança poderia afetar quase 1 mil unidades consumidoras.
"Temos cerca de 1,2 mil estufas na cidade. Mas, nem todas utilizam energia. Parte delas ainda trabalha com a lenha, podendo não ser afetadas", detalha o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Içara, Jair D´Estéfani. "Oficialmente não recebemos nada sobre a resolução. Ainda assim, já estamos nos articulando para uma possível mobilização", também garante o líder sindical da categoria.
Na interpretação de Jair, a desqualificação do fumicultor como agricultor faz parte do cerceamento do Governo Federal sobre os produtores. "É preciso analisar que o fumicultor também atua outras atividades rurais", avalia. Para que estas outras culturas sejam consideradas agricultura, contudo, devem estar ligadas diretamente ao plantio e criação de produtos para o consumo e alimentação humana. A criação de cavalos e galinhas matrizes, por exemplo, está fora da lista de itens de primeira necessidade.
Com relação a classificação, Janaina explica que para a Aneel vale a atividade que mais pesar no consumo de energia. Ou seja, se as estufas demandam a maior parte do uso de eletricidade na fatura, a produção rural não é a principal atividade. Tratativas para que esta consideração mude já começaram entre vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. “Cerca de 70% de nossos agricultores dependem desta atividade, sendo que cada família rural conta com este desconto em sua fatura de energia elétrica para permanecer no campo”, pondera um dos legisladores içarenses acionados para atuar em prol dos trabalhadores do campo, André Mazzuchello Jucoski (PSDB).