Cotidiano | 29/05/2009 | 16:44
Içara perde 80km² de vegetação em três anos
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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O relatório do SOS Mata Atlântica coloca Içara entre as 50 cidades que mais destruíram a flora em Santa Catarina. No documento divulgado neste mês de maio, está anunciado o decréscimo da vegetação nativa nos últimos três anos de 80,4 km². Dessa quantia, 70 km² eram de Mata Atlântica. No restante, a terra tinha cobertura de restingas. Isto significa 6% de toda a vegetação natural que o município um dia já possuiu.
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Em Santa Catarina, o desmatamento registrado entre 2005 e 2008 chega a 259km². É como se durante este tempo, uma área igual ao território de Içara tivesse 82,2% da mata arrancada. Isto ainda significa que somente 23,3% da vegetação natural do estado permanece viva. Além da ONG SOS Mata Atlântica, os números foram calculados também pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ambas as instituições realizam o estudo do impacto do homem sobre a natureza desde a década de 80, nos 17 estados que compõem este bioma.
Sobre todo o Brasil, as estatísticas calculadas com base em imagens de satélite anunciam a manutenção da média anual de desmatamento em torno dos 340 mil km². Neste aspecto, os estados mais críticos seriam Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia. Todos tiveram o decréscimo anual superior há 80 mil km² na vegetação.
“Inúmeros são os benefícios, diretos e indiretos, que a Mata Atlântica proporciona aos habitantes que vivem em seus domínios. Para citar alguns, protege e regula o fluxo de mananciais hídricos, que abastecem as principais metrópoles e cidades brasileiras, e controla o clima. Além disso, é garantia de qualidade de vida e bem estar, abriga rica e enorme biodiversidade e preserva um inestimável patrimônio histórico e várias comunidades indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas, que constituem a genuína identidade cultural do Brasil”, ratifica o relatório.
O INÍCIO DO DESMATAMENTO NA FLORESTA ATLÂNTICA
Segundo consta no relatório, a eliminação da floresta litorânea começou quando o país ainda estava em processo de colonização. O pau-brasil, por exemplo, era uma das árvores que mais sofreram com a cobiça dos europeus. A tintura era requisitada para a indústria têxtil. Depois, a Mata Atlântica teve impactos causados pelo cultivo agrícola. E agora, o desmatamento é motivado pela industrialização.
Na fauna da Floresta Atlântica, 55 espécies de mamíferos podem ser eliminados. É que estes animais só ocorrem nesta região. Também podem estar com os dias contados outras 90 espécies de anfíbios, 188 de aves, 133 de peixes e 60 de répteis. Oficialmente, 383 tipos de animais estão em extinção.