Segurança | 14/11/2012 | 03:12
Sul catarinense assiste noite de ataques
Especial de Amanda Tesman, do Jornal da Manhã
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Criciúma viveu momentos de terror na noite dessa terça-feira. Assim como aconteceu em outras cidades de Santa Catarina, ônibus foram incendiados e apedrejados na cidade. Em um dos locais houve troca de tiros com a Polícia Militar. O primeiro caso foi registrado por volta 22h50 no bairro Paraíso. A ação foi flagrada por policiais a paisana que passavam pelo local.
Os criminosos, ao perceberem a presença policial, efetuaram disparos contra eles, que revidaram. Imediatamente, o Corpo de Bombeiros foi acionado, e os policiais militares cercaram o local. A passagem de veículos e pessoas não era permitida. Todos que tentavam trafegar pelo local eram orientados a retornar. Na rua, muitos curiosos. O transporte coletivo ficou completamente destruído. Por orientação, o 24 Horas do Boa Vista foi fechado.
Logo em seguida, às 23h20, outro incêndio a meio de transporte foi registrado. O fato desta vez ocorreu no bairro Nova Esperança. O motorista, RP, de 30 anos, foi abordado enquanto manobrava o ônibus. “Havia duas pessoas sentadas no meio-fio, na esquina. Quando cheguei ao lado deles para manobrar, eles bateram na janela e pediram para eu abrir a porta. Com uma arma eles mandaram eu sair e ameaçaram me matar”, relatou. Ainda atordoado, os bandidos comentaram que iriam cometer o ataque “por causa do governo”. Neste caso, o automóvel ficou prejudicado por dentro.
O terceiro ataque a transporte coletivo ocorreu no bairro Renascer. Pedras foram jogadas contra o veículo. Uma senhora ficou ferida. Ela foi levada ao 24 Horas do bairro Próspera. Segundo as enfermeiras, o corte foi na cabeça. Ela não precisou receber pontos. Devido às ocorrências, todas as linhas que estavam em operação foram tiradas de circulação na cidade durante a madrugada.
A Polícia Militar também decretou toque de recolher na madrugada. O primeiro bairro a receber a orientação foi o bairro Próspera. As pessoas que se encontravam nas ruas foram orientadas a voltar para casa. As Polícias Militar e Civil ficaram mobilizadas à caça dos criminosos. Ninguém foi preso até o fechamento da matéria. Em Santa Catarina, casos semelhantes foram registrados em outros municípios. Os casos teriam acontecido em Florianópolis, Blumenau e Navegantes. Na Capital, os atentados iniciaram na segunda-feira.
A equipe do Jornal da Manhã entrou em contato com o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Márcio José Cabral, mas, por orientação do Comando Geral da PM-SC, ele não pode repassar informações à imprensa. Os chamados do JM não foram atendidos pelo Comando Geral da PM-SC.
Durante a madrugada, a Polícia Civil já iniciou os trabalhos investigativos com o intuito de identificar os autores e saber a real motivação dos ataques. Depoimentos de vizinhos, motorista de ônibus e demais testemunhas começaram a ser tomados ainda na terça-feira. “Vamos trabalhar para identificar os autores deste crime bárbaro”, observa o delegado Regional, Jorge Luiz Koch.
Jorge comenta que havia recebido o comunicado da Secretaria de Segurança Pública avisando dos possíveis ataques, que poderiam acontecer em qualquer cidade do Estado. Ele acredita que os atentados tenham relação com os outros ocorridos no Estado. “Pode ser que realmente tenham uma ligação”, disse. O motivo pode ser uma retaliação ao sistema penitenciário do Estado.