
Cotidiano | 17/04/2010 | 10:56
Abençoadas mãos de uma parteira
Kênia Pacheco (Jornal do Rincão) - jornalrincao@gmail.com
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Centenas de crianças já nasceram pelas mãos de Petronilia Beckauser da Silva durante os 79 anos que tem. Viúva há dez e dona de uma história rica em trabalho social e voluntariado no Balneário Rincão, ela conta orgulhosa sua experiência como parteira. Nascida em 9 de abril de 1931, mãe de quatro filhos, com 12 netos e três bisnetos, ela se identifica muito com crianças e nem lembra mais ao certo o número de partos que já fez na vida.
Dona Petronilia como é conhecida, conta que tudo começou quando ia completar seus 20 anos. Na época ela trabalhava com o pai, ajudava a fazer a casa da família jogando barro para cima. Uma vizinha apareceu e fez um convite para trabalhar no hospital de Tubarão.
O desejo de buscar a independência falou mais alto. A parteira lembra que tudo isso ocorreu um dia antes do seu aniversário, em 8 de abril. Então, pediu ao pai em forma de presente a liberação para trabalhar fora. E ganhou. “Dentro de oito dias eu já estava em Tubarão. Me botaram para trabalhar na maternidade de copeira. Durante esse tempo, resolvi fazer o curso de parteira. No mês de janeiro seguinte eu já fui pra Florianópolis para a maternidade Doutor Carlos Correia, me formei em 1953”, relata orgulhosa.
Apaixonada por crianças, ela chegou a fazer um curso de pediatria. O primeiro parto ocorreu aos 22 anos. Nasceu uma criança da família Rampinelli. Hoje ela não lembra nem ao certo quantas vezes atendeu uma mulher prestes a dar à luz, mas carrega na memória o choro de cada criança. O sorriso das famílias com a chegada de mais um bebê ao mundo. Mas também teve fatos tristes que ficaram na lembrança. Dois partos foram difíceis e as crianças perderam a vida antes mesmo de nascer.
A proximidade com as pessoas para fazer os partos lhe rendeu cerca de 40 compadres e comadres. Mas, o que mais marcou sua vida de parteira não foi nenhum nascimento em especial. “Quando eu fazia curso em Florianópolis, fiz um parto e cuidei da senhora e do bebê. Vinte anos depois ele veio me visitar com ela, se apaixonou por uma de minhas filhas e hoje é meu genro”, lembra.
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