Cotidiano | 05/10/2018 | 11:00
Alison Dal Molin de Lacerda em memórias
Simone Luiz Cândido
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Nossa infância foi muito feliz! Aos domingos, íamos à casa do Tio Agenor. Meu pai Luiz jogava canastra com o tio e a tia Ana. Enquanto isso, brincávamos na rua de subir no pé de goiaba, apanhar laranja crava e quando eu e a Regiane chegávamos o tio logo dizia: “Quem de vocês comeu mexerica verde? Estou sentindo cheiro daqui!” Riamos e nos fazíamos de bobas.
A alegria era garantida no campinho da frente de casa. Num instante, chegavam muitas crianças e adolescentes. Certa vez, fizemos uma fogueira com matos de pés de vassoura, daquelas de varrer o pátio. Todos rindo em meio à fumaça, brincando, diziam: “Estamos no céu!” Falávamos deste céu que acreditamos ser a morada dos que partem antes de nós. Meus primos Eliana, Tânia, Adilton, Regiane, Alison e Idaiana e meus irmãos Rosa, Ana, Rosilene e João brincávamos muito. Era muito divertido! Tantas vezes estivemos na casa deles e eles na nossa. Era amor de irmãos.
Nossos pais partiram muito cedo para eternidade. Sentimos muita saudade. Tornamo-nos ainda mais ligados pelo afeto mesmo sem estarmos presente fisicamente. As redes sociais nos possibilitam comunicação sempre que possível. Há alguns dias, postei sobre a vida e suas surpresas, o quanto nossa vida é frágil. Comentei sobre um jovem que conheci no lançamento de uma antologia da qual era uma das autoras. O jovem Irê Vieira, que conheci dia 4 de agosto, sentou ao nosso lado, juntamente com sua mãe Maria Regina, pessoas muito simpáticas.
No dia 11 de agosto, segundo domingo, dia dos pais o jovem de 27 anos faleceu de acidente. O meu texto falava sobre o quanto devemos amar as pessoas e que precisamos aproveitar a vida. Meu primo Alison comentou: “Meus sentimentos prima e você falou tudo nesse texto...bjos.” Não sabíamos que a fragilidade da vida o alcançaria tão rápido. Apenas dois dias depois, Deus o chamou para a eternidade. Era noite de terça-feira quando recebi a triste notícia.
Fiquei incrédula, sem saber o que fazer. Fiz minha prece a Deus, agradeci pela oportunidade de ser prima de alguém tão especial. Alison era uma alma sútil, veio à terra para levar a alegria, o amor a todos. Demonstrava a saudade daqueles que partiram antes dele, escrevia com gesto de carinho, cada foto de meus pais lá ia ele escrever o quanto amava. Foi amor por onde passou: nas escolas, na rádio, faculdade, li relatos lindos sobre ele, chorei, agradeci mais uma vez. Alguém que soube demonstrar amor? Alison Dal Molin de Lacerda!
Amou a Ana Júlia com muito carinho e, com certeza, ficará gravado no coração dela para sempre. Com Ana Paula, cumplicidade, união, um amor lindo e verdadeiro, intenso, sempre demonstrado para todos os quanto os amava. Cada bolo feito com carinho simplesmente por amar, unido de corpo e de alma nas alegrias e tristezas, dificuldades e conquistas. Se vamos sentir sua falta? Sim, esse mês já ficou vazio, sem seus posts à moda antiga, relembrando pessoas e fatos importantes. Fico com todo esse amor que ele semeou e colheu. A pequena Ana Júlia fruto desse amor tão lindo.
Difícil continuar o caminho, mas a herança maior que alguém pode receber ele deixou, as lembranças do pai e esposo amoroso, cumplicidade ímpar. Podemos chorar a sua ausência, pois somos humanos e necessitamos disso, mas devemos vibrar no amor, pois isso fará muito bem. Aqueles que amamos jamais morrerão, a vida continua, apenas mudamos para outro plano. Lágrimas rolam, não de desespero e, sim, de saudade.
Nessa vida não importa quanto tempo temos e sim, que vivamos intensamente o amor, pois não sabemos o dia de nossa partida para a eternidade, então, hoje é o dia para sermos melhores, amarmos mais.
Até um dia, querido primo! Nos encontraremos na eternidade.