Andreia Limas: Você pode ajudar na conclusão do Censo

Após seis meses de coleta de dados, o IBGE encerrou a primeira fase do Censo Demográfico 2022 em janeiro, sem alcançar a cobertura de 100% das residências como projetado. Em parte por ausência do morador e também pela recusa do entrevistado em responder às perguntas.

Se você se enquadra em alguma dessas situações, ainda poderá ajudar na conclusão do recenseamento, ligando gratuitamente para o número 137 (Disque-Censo) e agendando a visita do recenseador. Durante os meses de fevereiro e março, os esforços serão concentrados para a finalização do levantamento, com a divulgação dos resultados prevista para abril.

Vale lembrar que o Censo reúne o maior e mais importante conjunto de dados sobre a população residente no Brasil, servindo de base para a criação de políticas públicas e a distribuição de recursos, por exemplo.

Mais pessoas

A estimativa inicial do IBGE era de 2,4 milhões de domicílios em Santa Catarina, mas foram encontrados 2,8 milhões, 18% a mais. Entretanto, o questionário não foi respondido em todos, porque o morador se recusou a responder (1,7%) ou não havia ninguém em casa no momento da visita (4,86%). Nesses casos, haverá o retorno do recenseador ao endereço, na tentativa de obter as respostas.

No país, a taxa média de recusas chega a 2,43%, em dados atualizados no último dia de janeiro, enquanto o percentual de moradores ausentes ficou em 4,62%.

Distorções

Sem cobrir toda a população, o Censo pode ter números distorcidos e/ou questionados, como ocorreu com a prévia divulgada em dezembro. Baseados no cadastro da população atendida nas unidades de saúde e na média do número de eleitores nos municípios, os prefeitos contestam os dados preliminares.

Uma das preocupações é com a receita do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é calculado com base nos dados populacionais. A Federação de Consórcios, Associações e Municípios de Santa Catarina (Fecam) também demonstrou preocupação, principalmente com os 13 municípios do Estado que poderiam ser afetados com as perdas, entre eles, Nova Veneza, na Região Carbonífera.

Decisão

Para a prévia da população, o IBGE utilizou um modelo estatístico, a partir dos 83,9% da população recenseada. As informações foram entregues ao Tribunal de Contas da União, para fins de cálculo de distribuição do FPM a ser repassado em 2023.

No entanto, diante da contestação dos municípios e de entidades representativas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, suspendeu em janeiro a aplicação dos dados populacionais do Censo 2022 para definição dos valores. O ministro determinou que as transferências tivessem como patamar mínimo os coeficientes de distribuição utilizados no exercício de 2018.

Importância

O coordenador do Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e Inovação da Unesc, Thiago Fabris, reforça a importância de responder ao Censo. “De posse dos dados, diversas políticas públicas são formuladas nas três esferas: federal, estadual e municipal. Olhando para a parte pública, também há o repasse de verbas e a definição de políticas do Governo Federal. Ele tem uma importância relevante para a sociedade como um todo e é fundamental que as pessoas respondam”, destaca.

Setor privado

Além de retratar a realidade socioeconômica e influenciar nos repasses financeiros públicos, o levantamento também pode refletir no setor privado, segundo o economista. “O Censo ajuda a iniciativa privada porque traz diversos indicadores que podem ser utilizados pelos empresários nas tomadas de decisão relacionadas aos negócios. Ainda por meio dele, conseguimos obter vários tipos de indicadores relacionados à renda das famílias, à infraestrutura do local de moradia, entre outros”, pontua Fabris.

Problemas

A dificuldade para concluir o levantamento é só mais um dos problemas enfrentados pelo Censo. Realizado a cada dez anos no Brasil, o recenseamento não ocorreu em 2020 devido à pandemia de coronavírus e acabou inviabilizado em 2021 por cortes no orçamento da União. Com a confirmação para 2022, foi deflagrado o concurso público para a contratação dos recenseadores e agentes censitários.

A coleta de dados iniciou em agosto e deveria durar três meses, mas por diversos entraves o prazo acabou duplicado, entre eles, a dificuldade para conseguir e manter os recenseadores.

Balanço

Desde o início da operação, em 1º de agosto, até o dia 31 de janeiro, foram recenseadas 185.827.709 pessoas, em 65.657.749 domicílios no país. Isso representa cerca de 89,45% da população brasileira, de acordo com o resultado prévio (207,8 milhões de pessoas). Já em relação ao número estimado, de 213,3 milhões, esse contingente de recenseados corresponde a 87,11%.