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Jornal Gazeta

Cotidiano | 21/06/2018 | 09:18

Angústia e dor na espera por uma cirurgia ortopédica

Especial do Jornal Gazeta

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Esperar na fila para ter o direito de passar por uma cirurgia pela rede pública de saúde não é algo novo. São diversos os casos de pessoas que passaram meses e até mesmo anos aguardando para ter esse direito garantido. São pacientes como André Casagrande, de 34 anos, morador do bairro Liri, em Içara. Ele sofre de osteonecrose bilateral e precisa de um procedimento para a correção no quadril, problema que dificulta a movimentação, além de causar fortes dores.

“Claro que olho para o meu lado, mas ao mesmo tempo que peço para mim, estou pedindo para todas as outras pessoas que precisam e não conseguem fazer a cirurgia, passam por anos enfrentando dores. Isso é algo que considero como humilhante. É muito triste, ter que ficar sem trabalhar, tendo despesas financeiras sem conseguir pagar, porque não consegue fazer as atividades do dia a dia”, declara. Casagrande comenta que já está na fila de espera há mais de dois anos.

Entre os primeiros sintomas até a confirmação do diagnóstico foram mais dois anos, aproximadamente. Desta forma, são praticamente quatro anos de angústia. “Não quero que outras pessoas sofram o que estou sofrendo também. Quantas pessoas com câncer devem estar esperando pelo tratamento correto e não estão tendo? Quem tem condições de bancar financeiramente vai lá e faz. Mas onde se arruma R$ 70 mil, como é o meu caso, para conseguir fazer esta cirurgia?”, questiona.

Para conseguir suportar as dores, André conta que toma diversos tipos de remédio, alguns deles à base de morfina, um gasto que muitas vezes se aproxima de R$ 2 mil. “Mas esses remédios acabam que detonando outros órgãos do corpo, como o fígado, o estômago, até a mente da pessoa. É um tratamento muito pesado”, classifica. “E se eu não tomo essas medicações, vivo com uma dor insuportável durante todo o dia”, completa.

Conforme o paciente, ele chegou a ser o quinto colocado na fila pela cirurgia, porém aparece atualmente em 82º. Conforme informado pela Secretaria de Saúde de Içara, toda atenção está sendo oferecida e deve ser continuada até a realização da cirurgia de artroplastia de quadril. Conforme o setor de controle da secretaria, não é possível dizer se André já esteve na posição cinco. Porém, em julho de 2017, houve mudança na forma de gerenciamento das listas, a partir da instituição do Sistema de Regulação (SisReg) do Ministério da Saúde.

A secretaria ainda ressalta que a posição de número 82 considera os 45 municípios da região Sul de Santa Catarina - em Içara, ele é o 11º da lista. Além disso, afirma que não é possível dar uma previsão de quando vai acontecer esta cirurgia, porque o andamento das filas depende de algumas situações. E como o caso específico não é colocado como urgência, é preciso aguardar. No último mês, quatro pacientes da cidade foram beneficiados com a realização de cirurgias eletivas ortopédicas, hoje o maior gargalo do Estado, e há a previsão de que até o fim do ano pelo menos mais quatro passem pelo procedimento pelo SUS.