Antes do paraíso, o calvário aos veranistas

Os veranistas que se deslocam à Lagoa dos Esteves têm o trajeto suavizado pelo caminho de asfalto, que, ao fim, direciona ao acesso à Barra Velha. Onde termina a pavimentação, inicia o drama de Deuzi Pereira. Nos últimos anos, seus planos têm sido adiados pela morosidade dos trabalhos na via. Suspendeu a pintura da residência e seu objetivo de estruturar uma lanchonete, atualmente improvisada em uma tenda de lona. “Tenho as telhas para construir aqui no pátio, mas enquanto tiver essa poeira não vai ser possível, ainda mais agora que o fluxo vai aumentar. Queria vender frutas, sucos naturais e pamonha, mas como vou fazer?”, desabafa.

Enquanto seu empreendimento não se viabiliza, a família de Deuzi gerencia uma borracharia, que atua como testemunha ocular das circunstâncias. “No Natal do ano passado, vários carros ficaram atolados, então na véspera do Natal deste ano colocaram pedras pela via. Tem furado muitos pneus, é um perigo. No sábado, um rapaz veio de moto ajudar um amigo de carro, e no fim os dois ficaram com pneu furado”, conta.

Ela reside na localidade há mais de quatro décadas, tempo em que presenciou a problemática se arrastar, mas sem perder as expectativas. “Iria ajudar muito se terminassem essa obra. Coloco sempre nas minhas orações para terminarem logo. É meu desejo de ano novo”, relata. Pouco mais da metade da pavimentação da ICR-353, já foi concluída. Após o asfalto, aproximadamente um quilômetros de pedras e poeira são enfrentados até um pequeno trecho particular de lajota.

Na sequência, outro intervalo não pavimentado direciona ao asfalto da Barra Velha. A obra, orçada em R$ 3,2 milhões, foi iniciada em 2011, em parceria da Administração Municipal de Içara e Governo do Estado. Ao todo, os trabalhos compreenderiam 6,2 quilômetros. Diferentemente do acesso ao Balneário Esplanada e à Barra Velha, a estrada em direção ao Balneário Torneiro apresenta boas condições aos motoristas. A estrada surpreendeu o içarense Pedro Barbosa.

Na tarde de segunda-feira, ele se dirigia ao Balneário Rincão. Em razão do fluxo intenso na SC-444, percorreu um quilômetro em uma hora. A lentidão fez com que optasse por um desvio rumo ao Balneário Torneiro. “Pelo menos aqui está bom. Está melhor do que muitas ruas da cidade”, elencou. Para chegar ao local, os motoristas enfrentam aproximadamente três quilômetros, em que a poeira seria o maior empecilho. Posteriormente, chega-se a ponte que cruza o Rio Urussanga, pela comunidade do Torneiro. A ponte foi inaugurada em janeiro de 2012, sendo obra das administrações de Içara e Jaguaruna, além do Governo do Estado.

Paciência e destreza ao volante são características importantes aos motoristas que enfrentarem o acesso ao Balneário Esplanada. Saindo de Estação Cocal rumo ao balneário, o veranista Marciel de Souza, se rende à indignação. “É uma vergonha. A obra não termina nunca”, coloca. Residindo na localidade, Rodrigo da Rosa, enfrenta as más condições diariamente, com agravos em dias chuvosos. “Não temos outra opção, temos que arriscar. Tem buraco que cabe um carro”, conta. “Piorou com a chuva. Como veraneio aqui, o jeito é se acomodar em casa até quando der”, lamenta o veranista, Manoel Rodrigues.

Em julho de 2012, foi inaugurada a primeira parte da pavimentação da ICR-353, sob cargo da prefeitura de Içara e Governo do Estado. São 3,4 quilômetros que embatem em uma extensão inacabada de 4,5 quilômetros, onde predominam os buracos. Com a incidência de chuva e o aumento de fluxo no início do feriadão, ações paliativas seriam tomadas, com serviços de patrola, de acordo com o secretário de Obras de Jaguaruna, Osvaldo Garcia Pereira. Segundo ele, os trabalhos seriam estendidos também aos acessos do balneário Campo Bom e Olho d’Água. “Vai depender das condições do tempo”, complementa.

Também em convênio com o Governo do Estado e administração municipal de Jaguaruna, a pavimentação compreende 6,60 quilômetros, com investimento de R$ 3.939.547,92. Referente aos trabalhos, Garcia colocou que os trâmites têm pautado reunião, para que sejam concluídos em 2013. “Nos reunimos com o futuro prefeito e a Secretaria de Desenvolvimento Regional de Tubarão para dar continuidade à obra. O que sabemos é que a empreiteira responsável entrou em falência e tudo indica que será necessário fazer uma nova licitação”, ressalta.