Aplausos para Chico, o poeta

A fala de Francisco de Souza se calou. Já a poesia vivida por ele, não. Os pensamentos repassados em versos estarão eternizados em livros. Chico, o poeta de Içara não circula mais pela cidade. Na manhã desta terça-feira, dia 20, ganhou um endereço fixo. E isto causou tristeza. Aos 85 anos, faleceu após um ataque cardíaco. E, foi sepultado sob aplausos no Cemitério Municipal. Parentes e amigos fizeram as últimas homenagens. Com uma fraca brisa, até as árvores foram solidárias na despedida.

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“Sem estudo e sem dinheiro, pensando estar sozinho, quando meu Anjo, meu guia, me ensinou o caminho”. As frases do poeta fazem parte do primeiro livro publicado por ele, “Todo o tempo tem seu valor”. Com observações do cotidiano da cidade, elencou substantivos a diversas pessoas que o apoiaram. Apesar de não ser natural de Içara, era a capital do mel que gostava de transformar em arte. Escreveu sobre a economia, a bondade, as oportunidades. Mas não foi correspondido. Não recebeu flores em nome do Município. Nem mesmo da imprensa, a qual era colaborador.

Nascido em 18 de agosto de 1924, Francisco viveu em Lauro Muller até 1935. Na escola, chegou somente ao terceiro ano do primário. Já na adolescência, poetizava a vida. Se mudou para Criciúma em 1936. Procurava uma vida melhor. Constituiu família anos depois. Teve oito filhos. Mas como legado, não deixou apenas os laços familiares. Humilde, escreveu três livros. Dois chegaram a ser impressos. Já a última publicação não deu tempo de ser lançada. Tanto empenho fez dele um dos sócios fundadores da Academia Içarense de Letras e Artes (Aila).

PALAVRAS DO POETA: “Meu caro povo içarense, o lançamento do meu livro, primeira edição, se resume ao dever e ao amor pelo nosso município. Encontrei obstáculos pelo fato de estar privado de recursos e por ter concluído apenas o terceiro ano primário, fatores que me levaram ao desânimo. Mesmo assim não desisti. Deus falou mais alto no meu coração. Graças a Ele, e a ajuda dos meus colaboradores, tudo foi possível”.