Jornal Gazeta
Cotidiano | 07/11/2014 | 09:40
Beleza e determinação na voz feminina
Especial do Jornal Gazeta
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Nos trajetos que fazia da escola para o trabalho, ainda em São Paulo, o seu fiel companheiro já a acompanhava. Michelle Veiga, que atua há 14 anos no rádio, já sabia desde a infância que o meio de comunicação seria, além da sua profissão, sua grande paixão. Suas primeiras mesadas também eram utilizadas para comprar radinhos a pilha. “Quando saia da escola, demorava uma hora e meia para chegar em casa, esse período coincidia com a Voz Do Brasil, eu ia escutando e sou apaixonada até hoje”, conta.
A paixão pelo rádio surgiu junto do amor pelo futebol. Desde adolescente, a fiel torcedora do Santos, vivia no Centro de Treinamento do time. “Tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com o Vitor Mourão e Caio Ribeiro”, conta. Caio Ribeiro era jogador do Santos e hoje é comentarista esportivo da Globo.
Aos 17 anos, iniciou a faculdade de jornalismo e todos os seus projetos e jornais do curso eram dedicados ao futebol. “Sendo fã do clube e participando ativamente, me abriram muitas portas. Fui me envolvendo cada vez mais. Fiz inclusive uma matéria dos Jovens Talentos da Vila, entre eles o Kaká”, lembra.
Certo dia, Guido, um dos feras da Rádio Cultura conheceu Michelle, e a convidou para trabalhar na emissora. E dali em diante, a futura radialista não parou mais. Sua rotina começava às 5h da manhã, quando saia de casa em direção a uma operadora de telemarketing, onde trabalhava no período da manhã. “O telemarketing me ajudou muito, na questão da argumentação e fala, essenciais no rádio”, afirma.
A tarde Michelle trabalhava na Rádio Cultura, a noite ia para a faculdade. “Em São Paulo, a faculdade vai até às 23h30, no caminho para casa meu fiel companheiro estava junto”.
A jornalista, que também é locutora profissional pelo Senac viveu um período de transição que modificou para sempre sua vida. Em busca de novas oportunidades e de um lugar mais tranquilo para viver, Michele veio para Santa Catarina aos 24 anos.
Quando questionada se ainda existe preconceito no meio radiofônico, ela afirma que sim. “Tem que saber se impor e ser respeitada. No rádio esse contato é mais restrito, mas não vimos na televisão, por exemplo, uma mulher comentando futebol, há sim muito preconceito e pessoas com segundas intenções, infelizmente”, declara.
Segundo Michelle, ainda foi criado um mito em relação ao tempo que os radialistas gastam com os demais afazeres. “Criaram o mito, mas quem trabalha com futebol não janta com a família e não participa dos almoços de domingo, mas faz parte”, diz.
Atualmente Michele trabalha como repórter da editoria geral e de esportes da Rádio Difusora, e garante que a melhor parte do rádio é a proximidade com as pessoas. “As pessoas me reconhecem na rua, perguntam coisas, e isso é muito gratificante”, diz.
A jornalista Tharcila Werlich, também teve no Rádio seu primeiro trabalho. E desde então, nunca mais saiu. “Foi a minha primeira oportunidade e há 13 anos estou aqui”, lembra orgulhosa. Hoje Tharcila coordena a parte de entretenimento da rádio Difusora. “Comecei com reportagem de rua, gravando boletins, mas sempre que algum colega está de férias acabamos cobrindo outras editorias, o que é muito dinâmico”, diz.
Sobre o preconceito existente na área, a jornalista acredita que ainda há desigualdade. “Se tratando de rádio, me parece que a voz masculina ainda é a preferida”, acredita. Sobre as ferramentas do jornalismo, Tharcila garante que o rádio foi o veículo que mais soube aproveitar as ferramentas que surgiram. “Nas redações, por exemplo, sempre há um rádio ligado, nós pautamos outros veículos, mas a internet nos ajuda muito, na verdade um se beneficia do outro”, afirma.
Quanto aos boatos sobre o fim do rádio, ela acredita que alterações e inovações possam surgir, mas devido a sua instantaneidade, acha difícil. “Esse imediatismo é fascinante, e somente o rádio pode proporcionar. Além disso, o veículo é voltado para o local, diferente de algumas emissoras de televisão e jornais”.