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Cotidiano | 13/05/2021 | 08:45

Bullying: famílias precisam ficar atentas aos sinais

Apesar de ser uma pauta que há muito tempo vem sendo discutida, o bullying ainda é algo presente

Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com

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Transtorno do pânico; fobia escolar; fobia social, que impacta no trabalho e nos relacionamentos; ansiedade; depressão; anorexia; bulimia; transtorno obsessivo-compulsivo; estresse. Em casos mais extremos, esquizofrenia, suicídio, homicídio. Esses são alguns dos danos que o bullying pode provocar em suas vítimas, se não houver a identificação precoce desse tipo de violência, o acolhimento e uma efetiva ação contra essa prática. Daí a importância da família e da escola para detectar o problema.

“Já recebi alguns pacientes que apresentaram dificuldades no processo de aprendizagem em função desse isolamento e desse tipo de violência. A orientação para os pais é que primeiro procurem o professor dentro da escola e para o professor é que leve o caso para a direção, para dar suporte, formar uma rede de proteção à vítima, assim como dar um encaminhamento para o agressor”, afirma a psicopedagoga Tati Teixeira.

Como nem sempre o jovem ou a criança consegue expressar as situações de abuso, intimidação ou agressões, a recomendação aos familiares é ainda prestar atenção aos sinais. “Dentro da família, a criança dá alguns sinais, como não querer ir para a escola ou pedir para mudar de sala, apresenta queixas de dor de cabeça, dor no estômago, vômitos, enjoo, tontura, tem insônia, falta de apetite, mudanças de humor e de comportamento, agressividade, falta de contato com os amigos”, cita a especialista.

“A vítima apresenta comportamentos recorrentes, como estar sempre sozinha no recreio. Geralmente as escolas têm um inspetor e ele deve ser instruído a observar essa situação. A vítima também tem uma postura retraída em sala de aula, fala pouco, fica com vergonha de fazer perguntas ao professor, de dar a sua opinião. Costuma ainda ter faltas frequentes e desinteresse total pelas atividades, principalmente em jogos coletivos. Elas não conseguem mais ter a concentração necessária para assimilar os conteúdos”, acrescenta.

Entre os sintomas, a psicopedagoga ainda aponta a baixa autoestima e a escolha como alvo justamente por apresentar esse perfil. “Os sintomas aparecem e são nítidos, basta ter um olhar atento. Com essa percepção e uma boa orientação sobre o que vem a ser o bullying, se consegue prevenir para que a ação não fique tão grave”, avalia Tati.

Presença nas escolas

Apesar de ser uma pauta que há muito tempo vem sendo discutida, o bullying ainda é algo presente nas escolas. “É importante identificar esse fenômeno, não negar que ele existe, além de ter o espaço de diálogo na família e na escola, no qual o adulto tenha uma escuta atenta, empática, que construa esses vínculos afetivos em casa e a escola seja aberta, para que essas crianças que estão sendo vítimas de violência se sintam protegidas”, defende a especialista.

“A escola tem um papel fundamental, de deixar claro o que é o bullying, de atuar para coibir os casos, reter essas situações o mais rápido possível, para que os danos não sejam ainda mais sérios. É preciso ir além do conteúdo programático e potencializar a conscientização, ser uma parceira das famílias”, completa.

Quem é o agressor?

Tati Teixeira comenta que, basicamente, há dois tipos de agressor. Ele pode fazer parte de um contexto familiar desestruturado, em que a violência está presente e vai reproduzir aquilo que vivencia dentro da família. Ou pode ser uma criança criada sem limites, que domina a cena interna da família, dita as regras e é agressiva também em outros ambientes. “É preciso que os pais deem limites, tenham diálogo, para não gerar um futuro agressor”, pontua.