Cotidiano | 27/03/2011 | 21:08
Circenses pedem mais apoio no Dia do Circo
Especial de Elaine Patricia Cruz e Alex Rodrigues, da Agência Brasil
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No Dia Nacional do Circo (27 de março), os integrantes do picadeiro deixam as brincadeiras de lado para requerer mais apoio governamental à categoria. Segundo a diretora-presidente da Academia Brasileira do Circo e vice-presidente da União Brasileira de Circos, Marlene Querubim, o país tem cerca de 2,5 mil circos em atividade. Eles chegam a atingir um público mensal estimado em 1 milhão de espectadores, empregando cerca de 35 mil profissionais diretos.
“O circo é a maior casa de espetáculos do Brasil. Porque ele consegue chegar em lugares onde o cinema, o teatro e outros espetáculos não conseguem”, afirma Marlene. A ideia de que o circo um dia possa se tornar inviável por falta de público é descartada pelo presidente da Associação Brasileira de Circo (Abracirco), Camilo Torres. Para ele, apesar das muitas dificuldades, a atividade transmitida de geração em geração não está sequer ameaçada.
"Mesmo com as várias formas de entretenimento hoje existentes, o circo ainda encanta. O lúdico, o imaginário, a fantasia, a graça de um palhaço, a pirueta de um malabarista, o talento de um trapezista ou acrobata ainda são muito fortes e fazem parte do imaginário popular", fala ele, reclamando, contudo, da falta de uma política nacional que abranja todo o segmento circense e de maior apoio por parte das secretarias municipais de Cultura.
Entre os problemas mais citados pelos entrevistados estão a falta de locais apropriados nas cidades onde se apresentam, excesso de burocracia e, consequentemente, da demora na liberação de documentos e na instalação de serviços como água e luz, além dos valores das taxas cobradas. Administradora do Circo Internazionale di Napoli, Pollyana Pinheiro, reclama da falta de estrutura na maioria das cidades por que passa e dos custos.
“Na maioria dos locais a que vamos acabamos em terrenos particulares. Chegamos a pagar até R$ 30 mil de aluguel por mês. Precisamos fazer muitas apresentações para pagar isso e às vezes não conseguimos sequer cobrir as despesas. Tentamos não repassar estes custos para o preço dos ingressos, mas se não tivéssemos que pagar tantas taxas eles poderiam ser mais baratos”, detalha Pollyana.
Outra queixa comum diz respeito aos mecanismos públicos de financiamento da atividade. Para Camilo Torres, houve avanços recentes, mas eles ainda são insuficientes. Entre as conquistas, ele cita o fortalecimento de prêmios de estímulo às artes circenses, como o Carequinha, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), e de programas estaduais de incentivo a artistas e grupos circenses. “O aspecto positivo é que são mecanismos transparentes”, pontua.