Cotidiano | 26/09/2019 | 08:49
Circuito do Vale Europeu: no primeiro dia, de Indaial a Timbó, entre morros e silêncio
Erica Possamai
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Começo neste artigo a relatar os oito dias de caminhada no Circuito Vale Europeu. Fiz este trajeto com a amiga Larissa Maciel, uma caminhante veterana que me acompanhou lindamente com muita alegria e disposição. Uma jornada de quase 200km regada pela natureza, harmonia, vales e montanhas. Uma terapeuta caminhante? Não, uma caminhante terapeuta, porque minha primeira e mais eficaz terapia foram as caminhadas ao ar livre.
Há quatro meses tínhamos combinado fazer este caminho conhecido por brasileiros e estrangeiros e tão pouco por catarinenses. No dia 11 de setembro saímos de Criciúma em direção a Balneário Camboriú, onde iriamos pernoitar para o outro dia iniciarmos a caminhada em Indaial. Saímos de Criciúma as 13h30 para chegar a Balneário antes de 18h e descansar. Mas como na vida, ali começou nosso primeiro desafio. Após um acidente na BR-101 chegamos em Camboriú cansadas as 21h30 e fomos dormir.
Acordamos às 5h, seguimos para Indaial as 6h e por volta das 8h chegamos na cidade. Pegamos o passaporte de peregrino no hotel credenciado, onde deixamos o carro. Depois de recebermos as instruções, seguimos até a Ponte dos Arcos com flechas indicativas para começar a caminhar. A rota nos levaria até Timbó, há 28km, o maior trecho de todos.
Estávamos com ansiedade devido as subidas, o calor e, pela nossa trajetória de oito dias juntas. Como e quando nossas sombras apareceriam? Como lidar com elas? Para mim ainda o desafio do controle glicêmico e para ela o controle da ansiedade em dormir longe de casa em lugares desconhecidos. Passamos por comércios, pontes, estradas de calçamento e várias casas enxaimel ao longo das estradinhas de terra. Os jardins mais bem cuidados e lindos preenchiam o nosso coração de alegria.
Larissa avistou um esquilo e eu, que não sabia ter esquilos em nossas florestas logo, duvidei. Mas lá estava ele: curioso ao nos ver e se fazendo de morto enquanto escondia uma semente entre os dentes. Após 15km, com o sol de rachar e o cansaço, os pés começaram a doer e as pernas a reclamar. Porém a alegria de estarmos em caminhos desconhecidos e cheio de surpresas fortalecia o nosso propósito.
Subindo e descendo seguíamos falando bobagem e rindo muito. Enfim, passamos pela ponte pênsil de pedestres e carros e logo chegaríamos a Timbó. Eu estava sem forças devido a hipoglicemia e nossa provisão havia acabado. Vi uma cafeteria e entrei. Larissa me seguiu sem entender nada. Lanchamos, após as 17h fomos para o hotel e de lá não saímos mais. Pedimos uma pizza e fomos dormir antes das 21h. O percurso do outro dia era de 26 km até Pomerode. Já sentíamos que este caminho começava a fazer a diferença em nossas vidas. Mas essa é uma história para a próxima postagem.