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Cotidiano | 17/10/2019 | 10:48

Circuito do Vale Europeu: um caminho de cura e autoconhecimento até Rio dos Cedros

Erica Possamai

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Saímos de Pomerode logo cedo, dispostas e animadas porque para seriam 17,4 km. A cidade, com muitos bares, restaurantes e hotéis, é a mais urbanizada do percurso. Uma cidade diferenciada, os jardins se tornam ainda mais bonitos, as pessoas se encontram em estabelecimentos e conversam em alemão, então por minutos, se fechar os olhos você se sente na Alemanha.

Passamos em uma farmácia para comprar uma nova caneta para aplicar insulina, pois no dia anterior a minha havia estragado. Isto foi muito bom acontecer neste momento, pois para outras caminhadas que farei, percebi a necessidade de levar uma caneta reserva, porque nem sempre há cidades estruturadas assim pelos caminhos do mundo. Logo que começamos a deixar a cidade, passamos por uma propriedade com rio e cachoeira, e uma casa belíssima, ainda bem perto do centro, agradecemos a abundância de água em nosso planeta.

Seguimos, e logo paramos numa casa para abastecer a água, e conhecemos a Dona Hilda, 84 anos, descendente de alemães, conversamos um pouco com ela, pedimos que respondesse nossas perguntas em alemão, ela era muito querida e se sentia muito feliz com a atenção que estava recebendo. Nosso coração expandia de felicidade, com as surpresas que vão se apresentando ao longo do caminho. Passamos por uma linda loja de velas, velas de todas as cores, tipos, cheiros, e continuamos o caminho, chegando logo no Museu estilo enxaimel, antiga residência de uma família tradicional da região, Família de Friedrich Weege, com as roupas e objetos preservados por mais de um século.

Logo atrás da casa, vimos uma patente, fizemos muitas brincadeiras e fotos com os sabugos que estavam à disposição, como no passado. As casas enxaimel vão aparecendo com menos frequência pois a descendência italiana predomina em Rio dos Cedros, encontramos algumas capelas pelo caminho. Chegamos cedo no único Hostel da cidade, tomamos um café e logo mais chamamos um motorista particular para nos levar a uma lanchonete no centro, pois este Hostel fica um pouco antes do centro da cidade.

Eu me sinto cada dia melhor, com níveis de glicose bem baixos, devido a intensidade de exercício aeróbico. Neste dia não havia tanto cansaço, o sol estava ameno, mas estamos com bolha nos pés, começamos a usar a sapatilha reserva no final do percurso, mesmo assim a dor persistia. O criador de Access®, Gary Douglas, diz que toda dor é resistência a algum sentimento que você insiste em manter na inconsciência. Quanta resistência fizemos para continuar acreditando em alguma coisa que não faz mais sentido na nossa vida? E assim nos mantendo em vitimismo, na tentativa de recebermos atenção de quem quer que seja.

Seguimos refletindo, e quanto mais nos afastávamos do ponto inicial da caminhada, lá em Indaial, nossa consciência sobre todas as coisas ia ampliando. Começamos a perceber outras possibilidades de olharmos nossas questões internas, e então aquela dor que você sente no pé devido a bolhas, vai ficando tão pequenininha diante da abundância que nos cerca, e você entende que tudo é tão pequeno diante do criador de tudo o que há, e que não precisamos nos preocupar com ninharia, mas o que é ninharia?

Segundo a doutora em Psicologia Transpessoal, Susan Andrews, tudo, absolutamente tudo, é ninharia. E com nossas reflexões abençoando nosso sono, adormecemos aguardando mais um dia de muitos kms e aprendizados.