Comunidade bloqueia Serra da Rocinha

Moradores das proximidades da Serra da Rocinha, BR-285, manifestaram na manhã de ontem a insatisfação acumulada no decorrer de décadas. O ato iniciou por volta das 6 horas, com a rodovia sendo bloqueada com um caminhão. O protesto resultou em filas, contudo, com a compreensão dos envolvidos. “Foi bastante pacífico. As pessoas entenderam nossos motivos. Chegamos a um ponto que não dá mais”, comentou Charles de Carvalho dos Santos.

O morador refere-se à falta de manutenção da rodovia, que constantemente provoca prejuízos aos que por ali trafegam. “Eu tenho oficina. Toda semana tenho que socorrer de cinco a seis motoristas, principalmente com o pneu cortado. Eu poderia ficar contente com esta situação, mas não aguentamos mais”, afirmou. “Nem dá para andar de bicicleta, que a roda fura no meio do caminho. Nossa rotina é horrível”, completou a moradora Cristina Bertoncini.

Segundo Santos, o tráfego na rodovia é intenso por ser limite com o município de São José dos Ausentes (RS), no entanto, muitos motoristas se surpreendem com o acesso. “Na Internet e pelo GPS a rodovia está como pavimentada, sendo que na realidade está com buracos até na ponte. Todos que passam aqui reclamam”, ressaltou.

A intenção dos manifestantes era manter o protesto, até que alguma autoridade se pronunciasse em prol de melhorias. O objetivo se concretizou por volta das 10h30min, quando a comunidade debateu a problemática com o secretário de Desenvolvimento Regional de Araranguá, Heriberto Afonso Schmidt. Conforme ele, a rodovia receberá cascalho, paralelamente aos serviços de patrola. “Os trabalhos já estavam programados para acontecer nesta semana, mas estávamos com a patrola quebrada”, acrescentou o secretário.

Porém, se promessas não forem concretizadas, a comunidade promete uma nova ação. “Se as máquinas não estiverem aqui, vamos fechar novamente”, garantiu Santos.

De acordo com Schmidt, os serviços serão providenciados frequentemente até o início da pavimentação dos 22 quilômetros da rodovia. Para tal, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) lançou edital de licitação no dia 31 de dezembro.

A obra se enquadra em Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), no qual haverá apenas uma fase recursal, proporcionando agilidade aos trâmites. A sessão pública de abertura das propostas dos consórcios está prevista para o dia 2 de abril.

O projeto inicial da obra prevê duas pontes, quatro viadutos e um contorno na área urbana de Timbé do Sul, com quatro quilômetros de extensão para separar o tráfego local e de longa distância.

A publicação do edital é motivo de comemoração à categoria empresarial local. “Essa vitória emerge do empenho de lideranças políticas, entidades de classe e da sociedade civil organizada, que não mediram esforços para tornar esse pleito conhecido pelos governos estadual e federal. É uma alegria estar vivendo esse momento, e queremos compartilhar com nossos associados e parceiros de lutas coletivas”, colocou o presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva), Alceu André Hübbe Pacheco.

A mobilização da associação em torno da obra se direcionou ao apoio junto às prefeituras da Amesc, além da Fiesc, Fetransesc, entre outros poderes.