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Cotidiano | 23/11/2018 | 11:24

Crônica: Existe a tal cor rosa pele?

Simone Luiz Cândido

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Certo dia minha filha, com apenas quatro anos, chegou da escola e pediu para eu pegar o lápis de cor no penal dela: “Mamãe, pega o lápis rosa pele”. Olhei para ela um pouco admirada e pedi que me mostrasse esse tal de rosa pele. Ela, então, pegou o lápis na cor salmão. Nesse momento expliquei para ela que existem peles de várias cores e tonalidades. Ela me olhou e disse: “Entendi mamãe! Tenho amiguinhos de peles diferentes no CEI (Centro de educação infantil)”.

De onde veio essa definição? Não sei! Penso que devemos mudar essa realidade mostrando para as crianças desde cedo que somos diferentes sim, cada um com sua pele de cor e tonalidade diferentes, mas acima de tudo somos pessoas perante Deus nosso criador.

Desde menina tive amigas negras com as quais convivi muito. Uma família negra tinha uma filha branca por adoção. Não havia distinção entre os irmãos e a simplicidade era tanta, o afeto era tão lindo! Saia de minha casa vinte minutos a pé, para poder ir junto com minha amiga para escola.

Seus olhos pretos, seu sorriso lindo, trago para sempre no meu coração. Segurava suas mãos com as palmas bem branquinhas, para mim não importava se nossa pele era mais clara ou escura. Riamos bastante e estudávamos juntas.

Lembro-me de um questionário que era feito com os colegas de classe, eu fiz com a Marinalda. A pergunta era: Qual sua comida favorita? Ela respondeu: “Minestra”.

Jamais a esqueci dela e dos irmãos. Naquele tempo ninguém falava nesse tal de “rosa pele” não. A gente usava a cor que coubesse no nosso desenho, até porque, era raros termos muitos lápis de cor em nossos penais. Ninguém se importava com a pele de ninguém para ser amigo, bons tempos em que se vivia sem tanto preconceito.

Minha mãe Fátima sempre relatava sobre os amigos da juventude, muitos eram negros, inclusive o pai da Marinalda, o Luiz (Zizo) era amigo dela da juventude.

Aprendi desde cedo esse respeito, a ter amor pelos outros sem importar se eram da mesma cor de nossa pele ou não. Há esse tal de “rosa pele”, não sei de onde veio, prefiro nem saber!

Minhas filhas sabem que a cor de pele precisa ser diversificada e assim, ensinar às crianças dessa geração a mudar muitas coisas, inclusive, ensinando aos adultos que falam desse tal “rosa pele”, que essa cor se chama salmão.

Dedico aos meus amigos de Infância Marinalda. Edson, Marivalda, Lorival e Marilda Seus amados pais Vanda e Luiz, a Família Da Rosa com os quais convivi num tempo muito especial de minha vida.

*Existe a tal cor rosa pele? é uma das crônicas vencedoras do XXVIII concurso da Academia Criciumense de Letras