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Cotidiano | 25/01/2019 | 08:00

Crônica: Não existe receita certa para viver o verão

Simone Luiz Cândido

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Abrindo as redes sociais vejo tantas belas fotos na praia ou até mesmo na piscina. Muitas pernas a beira-mar ou a beira da piscina. Fotos mostrando o lado maravilhoso do verão. Legendas lindas de descanso de paraíso nas férias e no verão. Sim maravilhoso para aqueles que podem estar assim simplesmente vivendo, essa fase toda que mais parece uma novela.

A vida real para muitos é um pouco diferente. Os agricultores começam o dia cedo e por sorte hoje tem esclarecimentos sobre os cuidados que devem tomar com a pele usando protetor solar. Dias difíceis calor e colheitas por fazer, temporada de colher fumo e todas as atividades relacionadas a essa época.

Meus queridos primos da família Lacerda nesse trabalho há muitos anos herdaram dos pais a profissão. É preciso ter muita coragem para continuar trabalhando na agricultura, plantando os alimentos que chegam a nossa mesa. Os pescadores também trabalham de sol a sol muitas vezes cansados de um dia que começou ainda na madrugada, mãos calejadas de puxarem as redes nos trazendo deliciosos frutos do mar.

Quantos trabalhadores de construção civil que constroem nossos sonhos, casas ou prédios ou até mesmo reformas, tornando realidade aquilo que um dia era somente um desejo, um pensamento nosso.

Meus dias de verão começam com um belo banho. Fico sem suar por no máximo uma hora, depois lá vem tal suor, lá vou eu para mais um dia de tarefas a cumprir. Amarro meus cabelos e logo começa a escorrer suor. Então paro, medito e penso nos adultos e crianças que queriam ter cabelos assim como os meus, mesmo suados, mas os tenho. Agradeço a Deus por estar bem e poder realizar tantas coisas nos meus dias.

Lembro-me das pessoas acamadas, muitas delas com escaras pelo corpo, pois estão por muito tempo num leito em casa, num asilo ou hospital. Quanto sofrimento além das dores físicas as dores da alma. Se eu deixo de fazer as coisas que são necessárias no verão? Claro que não, alguns banhos roupas limpas e lá vou eu cozinhar, limpar, costurar, fazer algo para família para o café da tarde.

Penso que cozinhar é um ato de amor, principalmente sendo algo que vá deixar alguém feliz. Por aqui temos intolerância à lactose e ao glúten, tarefa um pouco difícil, mas aos poucos vou aprendendo a cozinhar e inventar novas receitas. Se todas dão certo? Claro que não. As receitas bem sucedidas às repasso, pois sei o quanto é difícil ter pessoas com restrição alimentar.

Ar condicionado? Que nada muitas vezes nem ventilador dá para usar. Na rua é impossível e muitas das minhas tarefas são na rua. Cadê as maravilhas do verão? Vejo poucas, para muitos é tempo de trabalhar e para esses mesmo com calor e dificuldades se faz importante essa estação.

Leio muitas reclamações sobre o calor e observo também que em muitas casas não existem árvores, pois fazem sujeira. As folhas caem e sujam o pátio. E isso não se restringe apenas às propriedades urbanas. Já vi propriedades rurais com vasta extensão de terras sem nenhuma árvore próxima da casa. Sendo assim não podemos exigir da natureza algo que nós não colaboramos.

Verão é tempo de arejar a mente e caminhar no mar. Isso faz muito bem, estar entre amigos, unir famílias. Precisamos ter cuidados com o sol. Nos dias atuais felizmente se tem conhecimento que a exposição solar pode causar queimaduras e até mesmo câncer de pele. Num passado não muito distante, os agricultores, pescadores e nós mesmos quando íamos nos expor ao sol não tomávamos os devidos cuidados com a pele.

Cada um vive seu verão conforme suas possibilidades. Que bom poder desfrutar de férias maravilhosas em lugares maravilhosos. Não podemos esquecer que mesmo em nossas férias, pessoas trabalham cuidando do lugar aonde vamos. Estamos sempre ligados aos outros, sejam eles nossos conhecidos ou não, sempre precisaremos de outros para fazer algo que não fazemos, plantar nossa comida, pescar nosso peixe, recolher nosso lixo, trabalho feito com maestria pelos coletores.

Se alguns dos que fazem parte dessa grande corrente parassem por alguns dias seu trabalho imaginemos como ficaria a situação. Ano passados tivemos a experiência da greve dos caminhoneiros. Ficou bem difícil para todos. O verão pode ser maravilhoso sim, mas não nos esqueçamos daqueles que fazem acontecer esse verão que muitos amam. Lá atrás, nos bastidores tem muitos trabalhadores fazendo valer a pena.

Que o nosso verão seja como as minhas receitas sem glúten e lactose, as que derem certo passamos em frente, as que não derem podemos deixar para trás. Tudo o que fazemos ou vivemos é experiência de vida, serve para nosso aprendizado. A vida vem sem receitas para vivermos, muitas coisas acertamos, outras nem tanto, mas na próxima receita podemos mudar os ingredientes e dará certo. Seguimos tentando.

Dedico aos meus queridos primos agricultores Gelson, Mari Jhulia, Gildo, Janete, Jaqueline, Jucinéia, Gilmar, Isabel, Jucelma e Rui.

Receita bem-sucedida
Bolo de banana sem glúten e sem lactose

Calda: 1 xícara de açúcar; 1/3 de xícara de vinagre. Levar ao fogo até dourar, colocar no fundo da forma, depois colocar as bananas cortadas.

Massa do bolo:
3 colheres de sementes de chia
3 colheres de linhaça dourada ou marrom.
1 xícara de açúcar mascavo(ou branco)
½ xícara de óleo
3 bananas maduras
½ xícara de farinha de arroz ou amido de milho
1 colher de fermento em pó
Canela a gosto
Bater no liquidificador até ficar homogêneo, colocar metade da massa. Depois colocar outra camada de banana cortada e o restante da massa por cima. Assar em forno quente.