Cotidiano | 23/04/2010 | 08:21
Custódia: “Foi uma humilhação”
João Paulo De Luca Júnior (Jornal Agora) - redacao@jornalagoraonline.com.br
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A funcionária pública Custódia Ernesto Laurindo procurou a redação do Agora para fazer uma denúncia contra o não atendimento por parte de um médico do Pronto Atendimento Psicossocial (PAPS). De acordo com ela, na terça-feira, dia 20, à tarde, o médico A. L. M. S. S. teria se negado a realizar o atendimento para a documentação necessária à isenção do IPVA de seu veículo.
De acordo com Custódia, já foi feito um Boletim de Ocorrência para uma possível ação judicial contra o médico. A confusão iniciou quando ela foi procurar um clínico geral na Unidade Básica de Saúde do bairro Primeiro de Maio, onde mora. Como o médico já não estava, foi orientada a procurar o Posto de Saúde Central. Ao chegar lá, então não permitiram que fosse atendida por um clínico geral. “Me receberam muito mal. Disseram que ele não daria e nem mesmo me deixaram falar com ele”, conta. Por isso, decidiu procurar a Apae, onde sua filha estuda. A médica da entidade a atendeu e concedeu a primeira assinatura na documentação.
“É um direito meu. A lei exige que um clínico geral e um psiquiatra atestem a verdade das declarações contidas no documento”, disse. Ela então se dirigiu ao PAPS em busca da segunda assinatura. Ao chegar lá a atendente solicitou os documentos e encaminhou ao médico. Momentos depois ela retornou afirmando que ele precisaria que a paciente estivesse junto.
“Então fui até à Apae buscar minha filha. Mas quando retornamos ao PAPS, novamente ele se negou a atender porque eu não havia agendado previamente o atendimento”, continua. Segundo ela, os outros pacientes na espera ficaram revoltados com a situação e ofereceram suas senhas. “Peguei uma, a recepcionista – que devo destacar foi muito atenciosa em todos os momentos – preparou o prontuário e aguardei. Quando chegou a nossa vez, o médico não estava na sala”, destaca ela, acrescentando que nesse momento a filha já havia ficado alterada com o tumulto e o ambiente estranho.
“Esperei por mais de 40 minutos, até que desisti já que a situação da minha filha estava muito difícil. Então peguei o telefone e liguei para a Secretaria de Saúde”, narra. De acordo com ela, nesse momento o médico saiu da sala em direção ao carro. “Agarrei ele pelo braço e chamei ele de covarde mesmo. É uma humilhação fazer isso com um ser humano. Então ele me disse: ‘Eu não vou assinar nem atender para a senhora comprar carro zero”, finaliza.
Segundo a secretária de Saúde, Mira Dagostin, a senhora Custódia foi orientada a realizar uma queixa formal na Ouvidoria para que pudesse ser realizado um procedimento de averiguação dos fatos. “Já conversamos com ela e pedimos que ela fizesse a denúncia formalmente. Isso ela já fez. Agora o Coordenador do Programa de Apoio Psicossocial, o psicólogo João Luiz Brunel, deve iniciar a apuração do que realmente ocorreu. Apenas depois que tivermos em posse dessas informações poderemos dar maiores detalhes”, explicou Mira. Ainda segundo ela, “é preciso salientar que não se tratava de uma consulta, mas da análise de uma documentação”. A lei determina a isenção de IPVA para pais ou responsáveis por pessoas portadoras de deficiência no momento da aquisição de novos veículos ou na renovação do documento. Entretanto é necessária a assinatura de dois médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) para que tenha validade.
ESCLARECIMENTOS: O Agora optou por não identificar e não ouvir o médico psiquiatra em questão até que seja concluída a apuração por parte do coordenador do PAPS e é importante frisar que se trata da descrição dos fatos do ponto de vista de apenas uma das partes envolvidas.
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