Derlei lança livro de contos e fatos

Além das lendas, os fatos e contos que causaram os mais fortes cochichos em Içara foram colocados em textos de Derlei Catarina De Luca. Dentre as 50 diferentes histórias pesquisadas por ela, não faltou a contemporânea dama de vermelho, os antigos relados da procissão das almas nem um velho carro apelidado de Bin Laden. A obra viabilizada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) teve as primeiras cópias entregues à Escola Municipal Maria Arlete Bitencourt Lodetti na manhã desta sexta-feira. E nos próximos dias, a iniciativa levará o mesmo material para outras instituições de ensino da cidade.

"Quando estamos fora, damos mais valos para a terra da gente", destaca Derlei. "Para sobreviver, a gente se agarra às lembranças, sabores e canções da terra natal", ainda comenta. Ao ser interrogada por alunos de 6ª a 8ª série, a professora de Língua Portuguesa respondeu não somente sobre os relatos registrados no papel, mas também sobre as experiências e torturas que passou em anos de repressão da opinião pública. Os relatos impressos e comentados agora servirão de referência para que os estudantes registrem outros contos da cidade na Olimpíada da Língua Portuguesa.

Conforme a escritora içarense, o livro começou a ser escrito quando ainda estava exilada em Cuba por causa da ditadura militar no Brasil. Pelo tempo fora do país, ela conta que nos sonhos as falas das pessoas não eram mais em português. O espanhol já estava quase predominando. Com medo de perder as referências da terra natal, então começou a escrever sobre vizinhos, familiares e das histórias que lembrava de Içara. Era assim que alguns companheiros também faziam para não se perderem da própria memória.

Os textos sobreviveram ao tempo. Aqueles que relatavam as lutas contra os militares se transformaram na publicação de "No corpo e na alma". Os relatos familiares viraram a obra "Os jasmins dos jardins de Paolo". Já as curiosidades da comunidade onde cresceu foram publicadas junto deste último livro, "Além das lendas".