Cotidiano | 27/05/2013 | 08:45
Diocese celebra 15 anos de comunhão
Especial de Daniela Soares, do Jornal da Manhã
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O ano era 1998. A chuva caía, mas sem diminuir o brilho daquele esperado 15 de agosto. Com bandeiras e balões coloridos, mais de dez mil pessoas prestigiaram o novo caminhar do cristianismo na região. Pontualmente às 15h10min, instalava-se a Diocese de Criciúma. Contudo, o princípio deste marco se deu em um 27 de maio.
Do Vaticano, vinha a boa nova que rapidamente se espalhou pela cidade: papa João Paulo II criara a Diocese de Criciúma. Na época, padre Orlando Antonio Cechinel servia na paróquia da Próspera, onde testemunhou grande alegria pela notícia. “Foi um momento muito importante, todos estavam muito felizes”, lembra.
A novidade se estendeu também a Mato Grosso, mais precisamente ao município de Cáceres. Estando lá à frente da diocese, Dom Paulo Antonio De Conto recebeu a incumbência de assumir uma congregação nascente no Sul de Santa Catarina. Obedientemente, ele abraçou a missão, sabendo apenas que o futebol e o carvão eram imponentes no seu futuro destino. “Não sabia praticamente nada sobre Criciúma. Chegando aqui, fui muito bem recebido, as pessoas estavam muito felizes pela criação da diocese”, relata.
Este princípio da diocese será lembrado hoje, em missa solene na Catedral São José, às 19 horas. A celebração será presidida pelo bispo diocesano, Dom Jacinto Inacio Flach, juntamente com Dom Paulo. A missa é o quarto ato das comemorações alusivas à data, antecedida pelo acendimento das velas comemorativas, entre as 541 comunidades compreendidas.
Da criação da diocese em diante, foi preciso dedicação e unidade. Segundo Dom Paulo, o começo foi um desafio, amenizado pela colaboração da comunidade religiosa. “E agora, 15 anos depois, venho aqui me alegrar com tantas coisas bonitas que continuam acontecendo”, complementa.
Com 31 anos de sacerdócio, padre Orlando passa por uma experiência semelhante a vivida pelo bispo. Há quatro meses, ele assumiu a mais nova das congregações da diocese: a paróquia de Santo Antônio, na Quarta Linha. “Foi a única paróquia criada pela diocese”, salienta.
Conforme o pároco, a população ainda está se adaptando à transformação. “Antes tinha missa apenas uma vez ao mês, agora temos durante a semana e todo domingo. Mas temos uma congregação bastante forte e atuante”, menciona.
Junto à paróquia da Quarta Linha, somam-se outras 29 na diocese, além de um santuário. Um segundo santuário também está em andamento, sendo que em junho será lançada a pedra fundamental. Neste universo, são 541 comunidades congregadas, em 25 municípios e quase 600 mil habitantes. Ao todo, são mais de 30 serviços de pastoral e três escolas de formação para leigos. É formada por mais de 60 padres diocesanos e religiosos, 17 congregações religiosas e mais de 70 seminaristas diocesanos e religiosos e três jovens aspirantes.
Nascido em berço vasto, com dez irmãos, desde pequeno Dom Paulo vislumbrava a vida religiosa. Natural de Encantado (RS), quando criança deu início a peregrinações por municípios, como Viamão e Gravataí, para o estudo do sacerdócio. Já consagrado padre, serviu em diversas paróquias gaúchas, além de ter sido reitor do Seminário Santa Cruz, em Porto Alegre. Como bispo, esteve à frente das dioceses de São Luiz de Cáceres, Mato Grosso, e Criciúma.
Em 2008, assumiu então a Diocese de Montenegro, no dia de sua instalação e onde permanece até hoje. Na noite deste sábado, Dom Paulo celebrou missa na festa do Caravaggio. Momentos antes, o bispo foi constantemente assediado pelos presentes, que pediam para tirar fotos e despertavam lembranças dos tempos de sua atuação à frente da diocese. Ao JM, Dom Paulo comenta sobre o nascer e os primeiros anos da Diocese de Criciúma.
Como foi a chegada em Criciúma?
Quando fui transferido, tão somente sabia que Criciúma era um lugar de carvão e que o time de Criciúma tinha sido campeão. Não conhecia nada, aceitei obedientemente o pedido do papa e vim para dar início a diocese. A recepção foi muito festiva, muito alegre. O primeiro impacto foi bastante positivo e com esse impacto iniciei o caminho da diocese.
Quais foram os desafios do início da diocese?
Houve necessidade de fundamentar muitos aspectos e de imprimir um rosto para a diocese, eu até dizia que o rosto da diocese devia ser o da alegria. E na alegria, procuramos logo organizar a caminhada pastoral e administrativa, procurando formar o corpo da diocese, construindo o que era mais necessário, desde espaços físicos à dimensão de uma igreja particular.
Como foi a atuação da comunidade religiosa no princípio da diocese?
O povo não esperava que a criação da diocese fosse tão rápida. E na surpresa do anúncio, houve uma exultação de alegria, esperança e de unidade, todos dizendo: agora somos diocese, diocese de Criciúma! Esse entusiasmo se prolongou sempre. Dentro da caminhada aconteceram maravilhas com a colaboração do povo. Foi possível, então, construir o seminário Nossa Senhora de Caravaggio; o seminário que fundamentamos em Cocal do Sul, que hoje não existe mais; a casa do bispo, que também é a casa de acolhimento dos padres; a casa sacerdotal para os padres necessitados, especialmente os idosos e doentes; tivemos a felicidade de fundamentar todas essas construções em vista da formação pastoral.
O que a memória guarda do dia 15 de agosto?
Cheguei cinco dias antes. Foi uma data comemorativa, uma data marcante, uma data que ficou no coração. A construção da diocese continua acontecendo, principalmente na manifestação de fé do nosso povo.
Que aprendizados o senhor adquiriu em sua experiência aqui?
Depois de dez anos, o papa me pediu novamente para assumir como primeiro bispo, em Montenegro. Com base, com experiência, pude lá também ajudar na fundamentação e na caminhada da diocese, onde me encontro até hoje.