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Cotidiano | 09/02/2012 | 11:31

Editor do Agora expõe opiniões

Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com

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Sócio majoritário, colunista político e editor-chefe do Jornal Agora, João Paulo De Luca Júnior já teve passagem também por outros veículos da cidade. Foi articulista tanto no Jornal Içarense quanto no Jornal Gazeta. Esteve na assessoria de imprensa da Casan e compôs o quadro de funcionários da Amil Publicidade. Atualmente atua em paralelo na rede de supermercados Giassi com o departamento de marketing.

Natural de Içara, o jornalista se formou pela Unisul de Tubarão. Na mesma universidade deve concluir o mestrado de Ciências da Linguagem. Quanto a paixão pela mídia, ele revela que começou fazendo os materiais para o Comitê Catarinense Pró-Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos, coordenado pela tia Derlei Catarina De Luca. “Era algo informal, mais ou menos aquela coisa de ‘o Juninho é esperto, ele pode fazer’. Fiz... e gostei”, detalha.

Constante pesquisador sobre a mídia e os efeitos que ela tem na sociedade, Juninho De Luca concedeu uma entrevista ao Canal Içara. Foi questionado sobre dificuldades da mídia impressa, liberdade de expressão, novas tecnologias e a percepção do leitor frente às constantes mudanças que a imprensa passa. “Os futuros jornais digitais irão ocupar um espaço maior na construção da opinião dos leitores. Colunas com carga opinativa marcante e reportagens especiais serão mais comuns ao novo jornal”, acredita.

A virada de 2011 para 2012 colocou o Jornal Agora no quinto ano de circulação. Nesta meia década, quais as maiores dificuldades encontradas quanto a mídia de Içara?
É bastante perceptível a mudança no conceito dos empresários de Içara com relação aos investimentos em publicidade. No início era brutal. Havia uma reticência que se convertia em desconfiança sobre a eficácia da publicidade em jornal. Agora isso mudou bastante. O mundo está cada dia mais visual. As pessoas se vêem e gostam de ser vistas. O BBB gira uma cachoeira de dinheiro porque reflete essa característica de exposição. E não é diferente com suas empresas. Além disso, os empresários estão mais maduros. Participam constantemente de cursos de aperfeiçoamento. Não estão parados. E o conhecimento promove mudanças. Falta apenas um pouco de planejamento dos investimentos, para maximizar os resultados com esse dinheiro que é aplicado.

Você acredita em liberdade de expressão? Até onde vai a liberdade e onde se atinge a libertinagem?
Com certeza. Mas liberdade só existe com responsabilidade. Não é nem questão de libertinagem. É de anarquia. A liberdade de expressão só tem razão de ser se estiver ligada à verdade, ao bem-comum. Liberdade de expressão para o mau não se sustenta por que gera o caos. Agora... A liberdade de expressão deve estar ligada à verdade, não necessariamente às provas materiais dessa verdade. Isso é um assunto jurídico. A liberdade de expressão existe por si só. Mas em determinados locais não é permitido aos cidadãos esse direito. Isso não significa que não podemos entrar no debate da construção dos discursos: o homem não é senhor de suas palavras. Ele apenas as ecoa e imprime novos sentidos. Por essa perspectiva, a liberdade de expressão não passa de “liberdade de continuar ecoando os discursos sociais”.

Na condição de colunista político, quais as dificuldades e o que mais o satisfaz?
No jornalismo político, o grande problema sempre foi o levantamento de provas materiais. Mas não é apenas isso. No caso de um escândalo de corrupção, mesmo que exista a comprovação do ato ilícito e as provas, há ainda uma outra questão que deve ser pesada: como produzir o texto sem que se faça um pré-julgamento social? Não tenho dúvidas de que, no futuro, esse debate ético será o ponto central nas faculdades de jornalismo.

Nestes cinco anos de análises sobre os bastidores da política na cidade, você considera que houve amadurecimento dos agentes públicos e dos eleitores?
Sim e não. O Movimento Içarense pela Vida, que combate a instalação de uma mineradora na cidade, e o Núcleo das Entidades Organizadas de Içara (Neoi), que encabeça a luta pela duplicação da SC-444, mostram que houve um amadurecimento por parte dos eleitores no período entre-eleições. Mas quando se estuda o comportamento da massa eleitoral durante o período de campanha... Eles continuam elegendo as mesmas pessoas que foram denunciadas, criticadas, processadas. Então a triste verdade é que, individualmente, as pessoas ainda vêem as eleições como uma oportunidade para conseguir algum tipo de benefício: cesta-básica, vale-gás, emprego ou contrato de licitação. No fim, continua a ser a mesma velha sociedade hipócrita. Lançando o olhar sobre os políticos profissionais, a situação é ainda pior. Içara teve raros bons políticos. A maioria foi mediano ou péssimo, mas eles continuam acreditando que foram grande coisa porque estão aposentados ou possuem sua história ligada à da cidade. Isso é bobagem. A situação se tornou grotescamente pior a cada eleição desde 2004, quando ocorreram os primeiros embates ligados à questão da mineração em Içara. Desde então é um festival de denúncias de corrupção, aliciamentos, suspeitas, agressões, mais denúncias. Ou seja, enquanto o eleitorado avançou minimamente, os políticos regrediram qualitativamente. Não houve manutenção do nível.

Agora na condição de editor-chefe de um jornal, qual a interferência que a política exerce sobre as edições?
Existe pressão de todos os lados. Mas ninguém tem coragem de escancarar isso diretamente. Acho que é uma questão pessoal também. Eu não tenho paciência com politicagens e, ultimamente, não tenho paciência nenhuma com quem anda fora da linha. É uma dança louca porque antes de pegar pesado com todo mundo – lembra a questão do pré-julgamento social? – você precisa lembrar também que essas mesmas pessoas que o jornal está investigando serão suas fontes em outro momento. Muitos acreditam que não deva ser dessa forma, que o jornalismo deve seguir livremente. Isso é coisa de quem nunca trabalhou na área. Esse freio é automático. Não tenho medo de retaliações de Prefeitura ou Governo – até por que isso já ocorreu e nós continuamos fortes. Perder uma fonte em potencial é ainda pior. Então existe uma interferência política, sim, mas ela ocorre de dentro para fora, quase automaticamente.

Sobre o futuro do veículo impresso, qual o caminho que você considera mais viável mediante ao crescimento das novas tecnologias? Os jornais irão morrer?
Em cinco ou dez anos, todos terão seus tablets. Os jornais deixarão de ser impressos e passarão a ser digitais. Isso é bom pela questão ambiental, já que a impressão semanal ou diária de jornais causa um desperdício absurdo de papel, que por sua vez tem origem no corte de árvores. Isso, sem entrar no mérito do custo da impressão. Ainda assim, haverá outra mudança, mais conceitual. Os sites de notícias devem assumir logo o monopólio da distribuição de informações rápidas. Os futuros jornais digitais irão ocupar um espaço maior na construção da opinião dos leitores. Colunas com carga opinativa marcante e reportagens especiais serão mais comuns ao novo jornal.

Quais as metas do Jornal Agora para os próximos anos?
Expandir o Agora para a região tem sido nosso objetivo. Mas alguns mercados são mais difíceis que outros para se inserir. Queremos entrar e nos fixarmos. Além disso, a aquisição de uma gráfica própria será nosso próximo passo. Isso permitirá que o Agora de outro salto, maior e mais ousado – mas isso eu não posso divulgar. Mas, claro, para tudo isso, precisamos de capital de giro. Então, senhores empresários, continuem nos ajudando!

Na sua avaliação os veículos on-line conseguirão se manter sem a cobrança de assinatura dos leitores?
Sem dúvida. Os veículos on-line nasceram dessa forma e já criaram esse hábito nos leitores. Cobrar seria um erro por que o concorrente oferecerá a mesma informação de graça e passará a ganhar mais audiência e a atrair mais investidores. A fonte de receitas dos veículos on-line deve ser a publicidade. Mas acho que o grande modelo de publicidade para a Internet ainda não foi descoberto. Entre banners, Google Sponsors, e anúncios no Youtube, nada me agrada.

As novas tecnologias, entre elas, as redes sociais, mudaram em algo a forma de fazer jornalismo e também a recepção dos leitores?
A Internet já estava disputando com o rádio a liderança para ver quem divulgava as informações primeiro. Com o Twitter e o Facebook, a coisas se tornaram absurdamente rápidas. No incêndio da Coposul, o fogo sequer havia se alastrado e já haviam fotos no Facebook. Toda pessoa com um celular e uma conta nas redes sociais é um repórter em potencial.