logo logo

Curta essa cidade!

HUB #IÇARA

Venha fazer também a diferença!

Comunicação + Conteúdo + Conexões

Acessar

Cotidiano | 22/11/2010 | 11:43

Em silêncio, casos de Aids aumentam em Içara

Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com

Compartilhar:

Muito mais do que a Gripe A, casos de Dengue ou diversas outras doenças, a Aids se dissemina entre os içarenses, porém, sem alardes. A enfermidade causada pelo vírus atinge atualmente cerca de 300 pessoas com o conhecimento da portabilidade do HIV. Mas, para cada um deles, a estimativa é que cerca outras três também estejam contaminadas. Ou seja, cerca de 900 moradores na cidade podem estar doentes sem saberem disso. E o número só tende a aumentar. Ao menos é o que revelam as estatísticas do programa DST/HIV/Aids, da Secretaria Municipal de Saúde. Criado em 2001, o projeto atendia cerca de 20 pacientes. Há cerca de dois meses de completar 10 anos, o crescimento atinge então 1000%.

Conteúdo relacionado:
24/11/2006 » Içara comemora contágio vertical zero


Derrubado o conceito de grupos de risco difundido na década de 90, a Aids não tem preferência por cor, credo, faixa etária e classe social. A doença atinge a todos aqueles que não se previnem. Conforme a psicóloga coordenadora do programa, Samira Abdenur, quase 80% dos casos ocorrem devido ao descuido no ato sexual. Já os outros 20% são provenientes do uso de droga. Contudo, esta parcela mínima está cada vez mais em processo de redução. Isto não ocorre pela eliminação do entorpecente, mas sim pela substituição dos injetáveis por outras opções com ação mais rápida e sem a necessidade de injeção direta na corrente sanguínea. É o caso do crack, um subproduto da cocaína que tem efeito mais destrutivo e dispensa o emprego da seringa.

Apesar da droga não ser um fator direto, está também relacionada ao contágio. “Ela desinibe o uso de preservativos”, lembra Samira sobre o efeito que pode ocorrer com ainda substância lícitas, entre elas, o álcool. Os entorpecentes ainda servem de motivo a prática da prostituição. As mulheres que se utilizam deste meio para conseguir dinheiro são mais conscientes sobre o risco e, por isso, utilizam mais constantemente preservativos. Já os homens que alugam o próprio corpo não possuem este mesmo cuidado.

Ao todo, dos 300 casos registrados na cidade, indiferente da ação causadora, mais da metade são moradores do Balneário Rincão. Cerca de 150 pessoas também já tem acesso ao coquetel de medicamentos gratuito para a doença. O restante possui apenas acompanhamento devido ao sistema imunológico ainda não se enquadrar nos parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde. O tratamento ocorre diferentemente para cada paciente. E, resulta em efeitos colaterais que afetam em alguns casos até a composição dos músculos. “Isto abala o psicológico dos portadores”, revela Samira. Por isso, o cuidado com a enfermidade deve incluir também a elevação da auto-estima. Para a maioria das mulheres, o cuidado ocorre também por outro fator: a traição do parceiro que a contagiou.

Na avaliação de Samira, para que as estatísticas da doença parem de crescer, é necessário levar o tema para a escola. Além disso, a distribuição de preservativos nestes ambientes também poderia ser benéfica. “É preciso apenas discutir de que forma isto poderia ocorrer sem a inibição dos alunos”, fala a psicóloga. Dispersores que serviriam de modelo já estão em uso na cidade, porém, não nas instituições educacionais. Desde o Carnaval de 2010, exemplos do distribuidor de camisinhas podem ser utilizados em danceterias e bares.

FORMAS DE CONTÁGIO - A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida em português e Aids em inglês) é disseminada exclusivamente pelo contato sanguíneo, mucosa genital ou leite materno. Isto significa que a doença pode ser transmitida em relação sexual sem o uso de preservativo, compartilhamento de objetos cortantes (alicates) ou injetáveis (seringas). Em beijo, abraço ou aperto de mão não há este risco. Tampouco mosquitos podem contaminar as pessoas. Isto porque o vírus tem vida de no máximo 1min fora do organismo humano.