Lucas Lemos [Canal Içara]
Cotidiano | 04/12/2020 | 16:29
Entidades médicas do Sul de Santa Catarina alertam para colapso em hospitais
Em Içara, Hospital São Donato continua com 100% da UTI dedicada a covid-19 ocupada
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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O Sindicato dos Médicos da Região Sul Catarinense (Simersul), a Regional Médica da Zona Carbonífera e a Associação Catarinense dos Médicos Regional Sul manifestaram preocupação com o estado atual do enfrentamento à emergência em saúde causada pelo coronavírus nesta sexta-feira, dia 4. Em Içara, por exemplo, as vagas de terapia intensiva continuam 100% ocupadas. São ao todo 10 leitos dedicados ao tratamento contra a covid-19 e há ainda 12 pacientes em internação clínica.
Para as entidades médicas do Sul do estado, o momento exige cooperação da população nos hábitos de higiene, uso de máscaras faciais e da atenção aos grupos de risco, especialmente evitar aglomerações desnecessárias. “Estamos presenciando o desrespeito aos decretos e resoluções, onde muitos expõem suas vidas e as de outros em momentos de aglomeração, em ambientes públicos e privados”, alerta.
“Exigimos que as autoridades busquem ampliar os leitos, adquirir insumos, contratar pessoal, porém é preciso que a fiscalização seja intensificada de forma urgente para o cumprimento das regras por parte dos cidadãos. Os hospitais estão lotados e os médicos, assim como os demais profissionais de saúde, estão atendendo em condições extremas. Estamos à beira do colapso da estrutura de saúde. Isto significa que ficaremos sem leitos disponíveis em UTIs, mesmo na rede privada, o que pode levar a mortes desnecessárias”, acrescenta o comunicado.
As entidades indicam ainda que a faixa etária de 20 a 45 anos correspondem a grande maioria dos casos de contaminação, mas felizmente, com uma baixíssima taxa de letalidade, o que faz muitos considerarem que a infecção pelo novo coronavírus seja algo banal. Já a população com idade acima de 50 anos, mesmo com taxas de contaminação bem menores que a população mais jovem, apresenta uma chance muito maior de complicações, com internações prolongadas em enfermarias e UTIs, com uma duração média de 14 dias (nos casos onde tudo ocorre bem), podendo se arrastar por várias semanas e meses.
“E de nada adianta o distanciamento social e os cuidados dos mais velhos, se quem vai levar a doença para o interior dos seus lares são seus próprios filhos. Teremos todos que fazer sacrifícios neste fim de ano e verão próximo, evitando ao máximo as aglomerações, mesmo entre família e amigos, para que este não seja o último Natal de muitos. Que autoridades e população cumpram seus deveres e assim possamos vencer essa guerra, que é de todos”, recomendam os médicos em texto conjunto.
Amrec pede socorro ao Estado
A Associação dos Munícipios da Região Carbonífera já expediu oficio ao Estado para a abertura de pelo menos 33 novos leitos de UTI. A sugestão é para abertura de 10 vagas no Hospital São José; 13 no Hospital de Retaguarda do Rio Maina; e mais 10 no Hospital São Marcos, de Nova Veneza. Outra possibilidade poderia ser a instalação de um hospital de campanha. A preocupação é justificada pela ocupação de 91% dos leitos de UTI no estado todo e 100% na região.