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Cotidiano | 11/08/2012 | 12:04

Entre o amor de dois pais

Especial de Samira Pereira, do Jornal da Manhã

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O pequeno Heron Rodrigues, de um ano e quatro meses, tem dois pais para abraçar neste domingo. Adotado quando tinha apenas um mês pelo casal homossexual Roberto Inácio Rodrigues e Anésio Barbosa de Jesus, o menino vive hoje com os dois companheiros, que estão juntos há quatro anos e meio. “Se o Heron está chorando, eu sou a mãe. Se ele quer alguma coisa, eu sou o pai. Caso queira sair de casa, eu sou só o Beto”, diz Roberto, orgulhoso.

O desejo de adotar uma criança sempre fez parte da vida de Roberto. “Este era o meu maior sonho. Queria ser pai desde a infância. Como o Anésio já tinha dois filhos de um casamento anterior, a vontade ficou ainda maior. Eu gostaria de ter um filho meu, alguém que me chamasse de pai”, informa. Quando, enfim, surgiu a possibilidade de adotar o menino, Beto não pensou duas vezes. “No início, o meu companheiro não queria, dizia que não tínhamos condições de ter um filho. Mas eu falei que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, eu havia pedido muito a Deus, e ele teria que aceitar”, diz.

Anésio alegava que conhecia a dificuldade em criar uma criança e que a dedicação teria de ser total. “Eu sabia que seria trabalhoso cuidar, levar para a creche, alimentar, mas acabei aceitando, e hoje ele é um filho para nós. Este Dia dos Pais terá um significado muito importante, eu procuro sempre estar presente, fazendo o possível por ele e pelos outros dois, que têm sete e 14 anos”, fala. Com a chegada de Heron, a rotina dos companheiros mudou completamente.

“As nossas famílias sempre deram apoio, mas ele ficou sob nossa responsabilidade. Somos nós quem o levamos ao médico, cuidamos, tratamos. Na semana passada, por exemplo, ele permaneceu dois dias internado no hospital. Eu fiquei um dia com ele, e o Anésio o outro”, comenta Beto. Heron é criado normalmente, como qualquer outra criança, com a única diferença de possuir dois pais. O casal não pensa em esconder a origem do menino, de contar-lhe que é adotado e que chegou até eles com um mês de idade.

“Fazemos questão de mostrar toda a história. Se precisar de algum tipo de tratamento psicológico para o Heron, nós vamos providenciar. Não queremos que ele sofra nenhum tipo de preconceito na escola, e se sofrer, que saiba lidar com isso”, coloca. Quando o assunto é preconceito, Beto afirma que nunca sofreu diretamente nenhum tipo de retaliação. Na escolinha onde Heron estuda, os professores apoiam a formação da família. Os pais de Beto e Anésio tratam o menino como neto, e todos os amigos foram a favor da adoção do pequeno.

Hoje, Anésio trabalha como chefe de caixa de um supermercado, e Beto tem uma loja de roupas. Heron fica na instituição de ensino em período integral e é pego por volta das 17 horas, quando vai para casa brincar e se divertir com os dois pais. Os outros filhos de Anésio, por vezes, também dormem na residência dos companheiros e ajudam a cuidar do irmão mais novo. “No começo foi um pouco difícil, eles ficavam meio ressabiados, quietos. Mas agora todo mundo se dá bem, somos uma família feliz, cada um ajuda o outro como pode”, garante Anésio.

Para Beto, a condição homossexual dos dois não tem nada a ver com a condição de pai que eles assumiram. “O Heron vai receber todo o carinho que precisa para ser uma criança feliz e completa. Muitas mães não querem os filhos, abandonam, não criam e não dão condições dignas para que eles cresçam dignamente”, recorda. De acordo com ele, o que impossibilita que mais crianças sejam adotadas é a burocracia encontrada na legislação brasileira. “Se fosse mais fácil, com certeza muitas outras famílias seriam tão felizes quanto a nossa é. Vemos os pequenos por aí, crescendo nas ruas, na beira dos trilhos, e infelizmente já sabemos que futuro eles terão. Eu vou fazer o possível e o impossível para dar a melhor educação para o Heron e fazê-lo o menino mais feliz do mundo”, garante Beto.


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