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Cotidiano | 18/08/2010 | 09:31

Falta de visão dificulta estudo

Clarissa Crispim (Jornal Gazeta) - jornalismo@gazetasc.com

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O rendimento escolar do filho está ruim? Ele tem dificuldade em ler e escrever? Esses são sinais que devem ser investigados, pois pode haver algo de errado com a visão. As queixas mais comuns a quem possui este tipo de problema são dor de cabeça, coceira nos olhos e de não conseguir enxergar direito. A secretária Luciane Borges passou pela situação assim que a filha Mariana entrou no ensino fundamental. Os sintomas começaram aparecer nos primeiros meses de aula, onde a garota sentia dificuldades na aprendizagem. Como Luciane sofre com falta de vista desde a adolescência, resolveu levar a filha num oftalmologista. O diagnóstico foi de baixa visão.

O problema segundo o médico oftalmologista, André Butatto, é mais comum do que se imagina. Segundo ele, após o nascimento, apesar do acompanhamento com o pediatra, muitas doenças oculares da infância podem passar despercebidas. Por isso, assim como o adulto, os pequenos devem fazer consultas periódicas, sendo que o primeiro contato com o especialista deve acontecer antes do primeiro ano de vida. "Os exames devem ser realizados, não apenas pensando no uso dos óculos, mas também para diagnosticar infecções, lesões congênitas ou tumores, em casos mais graves", alerta. "Após o primeiro ano de vida, o ideal é uma consulta anual", completa.

Ainda conforme o especialista, os pais em colaboração com os professores, devem estar sempre atentos, durante o período em que as crianças aprendem a ler e escrever. "As dificuldades de aprendizagem não significam que uma criança tenha deficiência de aprendizado, mas podem constituir também um indício de que a criança simplesmente enxerga mal", diz.

Apesar do problema ser real, nas escolas da rede municipal de Içara, não existe dados de estudantes com falta de vista e nenhum programa específico para evitar as causas. Conforme a assistente social da Secretaria de Saúde, Ana Cristina Horr, a rede municipal de saúde não possui atendimento de médico oftalmologista, por isso não possui dados relacionados a doença. "Nós já estamos buscando um especialista para atender pela rede, mas ainda não conseguimos médicos disponíveis", afirma.

Com isto, cada escola desenvolve o seu método para identificar alunos com problemas. Na escola Municipal Urbana Ângelo Zanellato, por exemplo, segundo a coordenadora pedagógica, Maria Lucia Mendes, cerca de 40 alunos das primeiras séries do ensino fundamental apresentam algum indício de falta de vista. O problema foi detectado dentro da aula de Educação Física, através do teste Escala Optométrica Decimal, semelhante ao realizado pelo médico oftalmologista para identificar o problema. "O teste é feito simulando o realizado no consultório médico, letras são colocadas em diversos tamanhos para que as crianças as identifiquem. De acordo com a dificuldade, identificamos se a criança tem ou não falta de vista", explica, destacando que as crianças identificadas com a doença são encaminhadas ao especialista.

Fora das séries iniciais, cada professor é responsável pelo seu aluno. E os sintomas não são difíceis de identificar: alunos que precisam ficar próximos ao quadro, que lêem ou escrevem com o rosto muito próximo ao caderno, dificuldades em respeitar o traçado do caderno e ainda quando a criança fecha muito os olhos. "Identificado o problema no aluno, ele é deslocado para as primeiras fileiras da sala. Muitas vezes, é o próprio aluno que pede para trocar de lugar", coloca a coordenadora.

O estudante João Mateus Dias, de 12 anos, começou a sentir dificuldades na escola, assim que ingressou no segundo ano do ensino fundamental. Ele conta que não conseguia enxergar o que a professora escrevia no quadro. E, para escrever no caderno, precisava chegar muito perto da folha para conseguir enxergar as letras. "Meu olho ardia muito, e também sentia dor de cabeça. Foi quando chamei a professora para conversar", fala o menino. Hoje João não pode ficar sem os óculos de grau, que os sintomas voltam a aparecer. "Acho chato usar óculos, mas sei que não posso tirá-los", finaliza o estudante.