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Cotidiano | 23/01/2022 | 08:57

Fátima Pavei: a importância das palavras

Salvem as palavras, palavras, pa..lavras!!!

Fátima Pavei

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Rastrear recordações, não raro nostálgicas, e acender a nossa imaginação, basta pensar. E lá vêm elas como borboletas invadindo a alma. Guardamos seu eco na memória. Ah, palavras!

Muitas vezes pensei em dissolvê-las dentro de uma lagoa ou transformá-las em árvores em rubra floração. Mário Prata disse que se apaixonou pela palavra e o amor veio depois. Dom Pedro II casou-se sem conhecer sua noiva. Em Portugal tudo acontecia, as palavras dos pais, interesses políticos, mas isto acontecia através das palavras.

Falam que quando o rei viu a noiva, ao chegar em sua bela cidade, Rio de Janeiro, mostrou a cara de assustado, pois a feiura da noiva chamava a atenção de qualquer um. Ela lhe conquistou através das palavras.

Minha mãe se casou com quem o meu avô queria. Valiam as palavras dos pais. Meu pai soube usar a palavra e ela se apaixonou por ele. Tudo depende da palavra e nasce a paixão. Mas não se esqueçam que a palavra também é responsável pela fuga da paixão.

São milhares de teorias sobre a importância da palavra. O livro “O Futuro da Humanidade” prova-nos o domínio da palavra do escritor através dos milhares de exemplares vendidos. Drummond também falava sobre temas como o desajustamento do indivíduo, ou as preocupações sociopolíticas da época, como em “A Rosa do Povo” (1945).

Apesar dos temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia. Dominou ao longo de sua existência a palavra. Cito o escritor Alexandre Moreira, observem suas palavras “Abracadabra, que venha a iluminação. Abracadabra, que o corpo acorde em tempo. Abracadabra, que o universo nos livre das falcatruas. Abracadabra, nos acudam pelo amor de Deus”.

Alexandre estrangula as palavras ou encaminha-as até as suaves e sonhadoras regiões dos poetas. Seus temas são tratados com maestria e diante dele a palavra se deixa dominar. Presenteio os leitores com a primeira e última estrofe do poema “Içara”, da escritora Elza de Mello Fernandes, no livro “Eco de Duas Vozes:”

“Quero cantar as belezas desta terra, falar do verde das belas içarobas e das cantigas ao balanço dos flabelos, dos pássaros nas manhãs em algazarras e do índio entre os ipês e as perobas a murmurar Içara, Içara! Nome belo! - Parece que o criador em aquarela pintou este pedaço bem lá no princípio. Passando tintas, em matizes, numa tela desenhou o meu belo município...”

As palavras de Elza correm atrás da magia, e o espírito humano se beneficia de todas as luzes vindas das suas letras. Salvem as palavras, palavras, pa..lavras!!!

PUBLI: VidaCred