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Cotidiano | 02/03/2012 | 09:50

Içarense relembra viagem à Antártica

Especial do Jornal Gazeta

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No último sábado, dia 25, um incêndio tomou conta e destruiu a base brasileira Comandante Ferraz, na Baia do Almirantado, na Ilha Rei Jorge, próximo a Península Antártica. Dois membros da marinha brasileira morreram e um ficou ferido na explosão, que até então, não tem suas causas definidas. O incêndio parece ter começado em uma máquina na sala de energia e se alastrou por toda a base.

Dois anos antes de ter sido construída, em 1984, o oceanólogo José Nestor Cardoso, participou da primeira expedição brasileira ao continente Antártico. Agora, passados 30 anos, a vontade do içarense é de uma visita a base, onde ele pudesse voltar a Baia do Almirantado e conhecer as instalações. Desejo que agora se tornou impossível de ser realizado.

“Minha vontade era poder voltar lá e conhecer a base. A primeira expedição, da qual participei, foi uma experiência única para o nosso país. Com a publicação dos resultados que conseguimos captar nessa expedição, o Brasil passou, exatamente no dia 12 setembro de 1983, a ter direito a voto nas decisões internacionais sobre os destinos da Antártica” explica.

“Nós realizamos uma pesquisa oceanográfica, contudo, não possuíamos uma base onde pudéssemos ficar. Ficamos durante os meses de dezembro e janeiro no Navio Oceanográfico Professor W. Besnard do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), que tinha 50 metros de comprimento, desembarcando no arquipélago Shetland do Sul apenas quatro vezes, sendo uma delas na Ilha Decepção que é uma cratera de vulcão ainda ativo. Desembarcamos ainda na Baia do Almirantado para visitar a Estação Polonesa de Arctowiski que foi o primeiro socorro dos pesquisadores brasileiros durante o incêndio recente. Os poloneses nos receberam de braços abertos e a confraternização iniciada com um café na estação terminou depois de uma janta a bordo de nosso navio”, conta.

José Nestor Cardoso ressalta que a participação na expedição foi fruto da persistência. Em 1974, o governo brasileiro constitui uma Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) que posteriormente instituiu o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) em janeiro de 1982, com o objetivo de mapear, levantar as condições oceanográficas, estudar as interações mar-atmosfera, seus recursos minerais, biológicos e vegetais. Tudo isso aliado aos interesses geopolíticos, fez com que em dezembro deste mesmo ano, já ocorresse a primeira expedição ao continente gelado.

Na época, José Nestor era professor do Curso de Oceanologia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande e ficou sabendo do projeto através de uma visita a Universidade e da exposição do Projeto Antártico pelo seu coordenador Comandante Neiva. “Quando o Comte Neiva visitou meu laboratório me prontifiquei a participar de imediato, oferecendo um projeto de estudos do mergulho em águas polares. Fui atrás, insisti e consegui minha vaga após uma reunião com o coordenador científico da USP. Em vista da escassez de recursos, meu projeto não foi adiante. Mas pude participar trabalhando nos levantamentos físicos das condições oceanográficas com as quais já trabalhava em Rio Grande. Foi uma experiência única para mim, assim como para todos que participaram. Eu tinha apenas 28 anos na época e consegui trazer de lá muito conhecimento e especialmente, uma grande sensação de ter servido ao país”, conta saudoso.

O oceanólogo içarense está esperançoso em relação a reconstrução da base brasileira. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff garantiu que a base Comandante Ferraz será reconstruída. Segundo ela, já haviam ideias para que melhorias e modernizações fossem realizadas na Estação. “A comunidade científica também faz novas recomendações sobre a modernização da base e a sua organização, especialmente tratando de evitar visitas inesperadas de políticos e outras pessoas sem interesse científico e que tiram as vagas de pesquisadores nos vôos de abastecimento e manutenção”, finaliza o oceanólogo.


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