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Cotidiano | 20/02/2013 | 08:54

Ilhas luta para não desaparecer

Especial de Francieli Oliveira, do Jornal da Manhã

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Uma típica vila de pescadores, com ar calmo, onde até o tempo parece passar mais devagar. Um local ideal para passar horas sentado à beira do rio e longe do estresse da cidade e do dia a dia. A pequena localidade de Ilhas, em Araranguá, reflete a paz de espírito. Mas um assunto em especial está mobilizando uma das comunidades mais antigas do município: a busca pela fixação da Barra do Rio Araranguá em um local adequado.

A fixação é um sonho antigo, muitos moradores não viveram o suficiente para ver sequer o início das obras, que agora está mais próximo da realidade. Até o fim do ano, as obras devem iniciar para que o recurso de R$ 26,6 milhões proveniente do Governo Federal não seja perdido. Porém, há outra discussão no momento: o local mais adequado para a fixação. São três opções: ao Sul (mais próximo do Morro dos Conventos), central (mais próximo ao Morro do Agudo) e ao Norte (de frente para a comunidade de Ilhas).

O prefeito de Araranguá, Sandro Maciel, explica que está tudo pronto, faltando apenas a definição do ponto da fixação. “Estivemos no Ibama, e o impasse no momento é que no ano passado foram estudados os três pontos, mas o baseamento foi em cima de apenas um, mais ao Sul, onde a comunidade de Ilhas é contra”, relata Maciel. O prefeito conta, ainda, que a decisão está nas mãos do Ibama, que irá optar por onde causar menos impacto ambiental. “A tendência é que a fixação ocorra mais próximo à comunidade de Ilhas”, adianta o prefeito.

A fixação da Barra do Rio Araranguá tem como principal objetivo a contenção de enchentes, frequentes no município. O prazo para não perder a verba federal já foi prorrogado, e se as primeiras medições não acontecerem até o fim do ano, o valor será perdido. “Vamos conseguir, estamos sendo rápidos e vamos garantir os recursos”, garante o prefeito.

Uma audiência pública em março deverá definir a posição da fixação. O local que em princípio servirá para a contenção das cheias, também poderá ser um ponto para receber embarcações de maior porte e no futuro se tornar mais um porto de Santa Catarina. O turismo também deverá ser explorado nos próximos anos.

A comunidade em momento algum se coloca contra a fixação da Barra, pelo contrário, é a concretização de um sonho antigo. Porém, o receio da maioria dos moradores é em relação ao local em que acontecerá a fixação. A luta é para que o ponto escolhido seja ao Norte. O medo é do desaparecimento do rio e, por consequência, da comunidade, que segundo os moradores, poderá ser tomada pelas dunas.

“A gente espera há bastante tempo por essa obra, se para o município é importante, imagina para nós, que dependemos dessa Barra, que hora está aberta, hora está fechada”, comenta o presidente da Associação de Moradores de Ilhas, Rinaldo Ramos da Rosa. O aumento da quantidade de peixes será visível com a fixação. “Há 35 anos, a barra se abre e se fecha no mesmo local, a natureza já se posicionou e definiu o ponto certo, queremos que isso seja seguido. Ao Norte, o impacto vai ser menor”, acredita o presidente. “Nós queremos que essa obra aconteça o quanto antes e vamos chegar a um acordo que seja bom para todos”, complementa.

Amilton Vieira Valério é pescador desde 1975 e vê na fixação da Barra a prosperidade da profissão. “Já estamos aguardando por um bom tempo a fixação, hoje não estou conseguindo entrar com o barco no mar, porque pega na areia”, relata Valério. Ele defende que a Barra seja fixada o mais próximo possível de Ilhas. “Se fixarem mais para cima, teremos um problema muito grande com a areia e vamos ficar sem pescar”, alerta o pescador.

Seu Avelino Saul da Silva é um antigo morador de Ilhas, saiu para trabalhar, mas voltou ao conquistar a aposentadoria. Também é um grande representante da comunidade. É vice-presidente da Colônia de Pesca Z-16 e da Associação dos Moradores de Ilhas e também faz parte da Comissão Para Assuntos Econômicos Paroquiais (Caep). Ele é bastante enfático ao falar sobre o ponto ideal para a fixação. “Em princípio, a fixação da Barra é uma coisa boa, vai trazer crescimento para o nosso lugar, mas nós temos uma prioridade, que é lutar para que a fixação ocorra mais ao Norte”, explica Silva. Para ele, o ponto que está nos projetos não é o ideal, mas é o aceitável. “O ideal é que respeitassem a natureza e fixassem a Barra onde está hoje, mas sabemos que lá é mais difícil porque não tem nenhum projeto”, lamenta. “Mas mais ao Sul não aceitamos. Se esse for o ponto escolhido, nós vamos impedir o início das obras”, alerta. “Nós temos conhecimento de que se a fixação ocorrer mais ao Sul, vai fechar o rio, e nós vamos ficar sem rio, vamos deixar de ser uma comunidade pesqueira”, afirma Silva. “Se veio a verba para minimizar a enchente e beneficiar a comunidade de Barranca, por que prejudicar a nossa se o ponto escolhido não vai influenciar nas cheias?”, comenta, indignado.

A comerciante Izabel Darós Ana explana a mesma preocupação, o medo do desaparecimento da comunidade. “A fixação precisa ser feita o mais próximo de Ilhas, se não, vão acabar com a nossa comunidade, vão acabar com a beleza que é o nosso rio, nem consigo imaginar como é ficar sem a beleza do nosso rio”, pondera a comerciante. Izabel também manifesta preocupação com o futuro de seu mercado. “Com a Barra aqui vamos conseguir aumentar o turismo, e até embarcações maiores poderão entrar aqui”, relata.


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