Jovem retorna a família após quatro anos

Com jeitinho simples, olhar doce e fala mansa, Caio comemora antecipadamente as emoções que espera vivenciar neste fim de ano. Afinal, passar novamente o Natal com a família após quatro anos distante. “Daqui para frente tenho dois desejos: ser jogador de futebol e, o principal deles, ser feliz”. A carreira de atleta começou a ser construída já numa escolinha de Içara. Agora, com o apoio também dos parentes para seguir adiante. Aos 14 anos, ele faz parte de uma estatística positiva do Serviço de Acolhimento desenvolvido pelo Centro e Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

Segundo o psicólogo do programa, Luis Claiton Medeiros Ehlers, o processo de reaproximação por muitas vezes é doloroso, mas necessário. “São meses de envolvimento de muitas pessoas. O trabalho funciona em rede com a parceria de vários setores. Quando o retorno acontece toda a família continua recebendo acompanhamento por seis meses afinal, pois precisamos garantir o bem estar da criança ou adolescente”, assinala. Os principais motivos para o encaminhamento a lares temporários são violências domésticas, abandono e abuso sexual.

“O programa já somou 42 acolhimentos no período de um ano e hoje podemos comemorar, pois com o retorno de Caio para casa, apenas dois adolescentes continuam. Ainda não é o melhor, pois nesse serviço menos é mais. Não termos crianças acolhidas é o resultado desejado”, coloca a pedagoga Ana Maria da Rosa Pereira. O serviço completou dez anos com 152 crianças recebidas. Atualmente há nove famílias cadastradas para este acolhimento. “É um sucesso”, garante a secretária de Assistência Social, Juci Fernandes.

*Caio é um nome fictício escolhido para preservar a identidade do garoto.