Cotidiano | 14/11/2013 | 21:53
Lixo radioativo continuará proibido
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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Enquanto ainda está aberta a discussão sobre o recebimento de lixo de alta periculosidade em Içara, um novo texto circula na Câmara Municipal para a manutenção pelo menos da proibição de materiais radioativos. A redação alternativa foi apresentada em uma reunião entre os vereadores, a Fundação do Meio Ambiente de Içara, a Prefeitura e o Ministério Público nesta quinta-feira, dia 14. Mas ainda não foi protocolada no Legislativo. Na prática também não deverá surtir efeito já que o interesse da Santec é ser o destino principalmente de itens químicos, por exemplo, borras de tinta e estopas.
Conforme o vice-prefeito Sandro Giassi Serafin, o melhor caminho para deliberar sobre o tema é consultar a sociedade. "Será que vale a pena correr este risco?", interroga. Para a promotora Maria Cláudia Tremel de Faria, é preciso questionar ainda qual o retorno que esta abertura trará para a cidade, entre eles, o aumento de empregos e o crescimento na arrecadação de impostos. “O passivo ficará por centenas de anos. Talvez até milhares”, coloca a engenheira ambiental da Fundai, Maria Silva Réus.
"E qual a garantia de que a empresa vai receber apenas aquilo em que está licenciada? E além disso, de que vai seguir exatamente as responsabilidade determinadas na licença?", completa a promotora. Esta última interrogação é atualmente foco de investigação policial. Isto por causa da localização de uma célula de lixo depositado de forma irregular. A técnica em química da Santec, Ângela Niero Dalmolin, contrapõe, por vez, que a identificação do problema foi realizada pela própria empresa. Além disso, a fiscalização compete também aos órgãos ambientais responsáveis.
A intenção divulgada pela administradora do aterro sanitário é para a utilização de 10 mil metros quadrados destinados ao depósito por até oito anos de lixo com Classe 1 de Içara e de outros municípios. Isto significa inicialmente uma vida útil de oito anos. No entanto, trata-se apenas de uma perspectiva. A estrutura atual é um exemplo. Foi projetada para 20 anos, mas poderá estar esgotada com cinco anos de antecedência. “Estamos já com o projeto para aumentar a área e elevar a vida útil”, sublinha.
No entendimento do vereador Osmar Manoel dos Santos (PP), o recebimento de lixo Classe 1 vai baratear o custo para empresas principalmente da cidade. Com isso será mais fácil dar o destino certo e menos danos ao ambiente acontecerão. "Tem muitas empresas que ainda descartam de forma inadequada", alerta. Quanto a isso, uma das alternativas intermediárias que podem ser ainda apresentadas é para a autorização do recebimento do resíduo de alta periculosidade apenas das empresas içarenses.
O projeto de emenda a Lei Orgânica para a permissão do depósito do lixo de Classe 1 (nocivo ao ambiente) foi ingressado na Câmara Municipal na última segunda-feira, dia 11. Dentre os 11 vereadores, apenas Edna Benedet (PCdoB), Pedro Mazzuchetti (PMDB) e Geraldo Baldissera (PT) não assinaram em apoio a proposta. A primeira votação estava prevista para o mesmo dia com a dispensa de parecer das comissões internas. Mas acabou adiado com a interferência do Poder Executivo para que o debate fosse ampliado antes de entrar em pauta.