Mulher entra na Justiça por cães

“Meus animais são minhas companhias e vou lutar para ficar com eles”. A declaração é da professora Margarete Freitas. Moradora do Balneário Rincão, ela responde a denúncia de vizinhos à Vigilância Sanitária com alegação de mau cheiro. Isto por causa dos 11 cachorros que cuida. Para resolver isto ela entrou na Justiça. Quer ter o direito de ficar com os animais.

“Aqui em casa, cada um deles tem o seu cantinho e procuro deixar tudo limpo. Tanto que mandei construir um espaço revestido com azulejos para facilitar a limpeza”, conta ela e diz que cuida de todos com muito carinho. “Até perguntei para o moço da Vigilância para onde iam levar meus bichinhos. Sei que aqui em Içara a Prefeitura não possui um espaço adequado”, comenta.

O amor pelos animais é tão grande que Margarete já acolheu em casa mais de 25 cachorros de rua. Isto sem contar os que aparecem no portão “esquecidos” por outras pessoas. Muitos deles doou e outros estão com ela até hoje. Uma delas é Julieta. A cachorra da raça Maltês é um de seus xodós. “Encontrei a Julieta abandonada numa das ruas do bairro Pedreiras. Na verdade, eu estava procurando a cachorra da minha sobrinha que havia fugido e por acaso achei a Julieta, escondida embaixo de uma Kombi. Olhei para ela, acabei levando para casa e está aqui comigo há oito anos”, conta.

A paixão não é isolada. Os familiares também são solidários aos animais. “Meus irmãos possuem mais do que um cachorro”, diz ela. Os felizardos que cruzam o caminho de Margarete recebem tratamento especial, além de moradia, água e comida, possuem acompanhamento veterinário. E todas as despesas saem de seu bolso. Custear tudo isto na verdade não é nada barato. “Gasto boa parte de meu salário com eles e não me arrependo”, diz em tom confiante. E completa. “Meu carinho é maior por eles do que pelo próprio homem, que muitas vezes chega a ser insensível e egoísta”, destaca.

CONTRAPONTO - O coordenador da Vigilância Sanitária, Clair da Silva, informa que a proprietária teria um tempo de até 20 dias para retirar os animais do local. Ainda segundo ele, o prazo já expirou. Assim mesmo terá que buscar um novo lar para os cães. “Caso contrário será multada”, alerta.

Conforme Clair, a vigilância está apenas dando cumprimento a Lei Estadual 6320, de 20 de dezembro de 2003, que no artigo 74, trata sobre as pessoas que possuem animais em perímetro urbano. “Queremos deixar claro que não estamos contra os animais, mas sim, cumprindo a lei”, afirma. Questionado sobre o projeto para a construção de um Centro de Controle de Zoonoses no município de Içara, ele diz que a princípio seria inviável. “Mas cogita-se um convênio com o Centro de Zoonoses instalado em Criciúma”, finaliza.