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Cotidiano | 22/11/2019 | 09:00

No sexto dia, a paz vai chegando com a benção dos povos da floresta

Erica Possamai

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Saímos às 8h30 de Doutor Pedrinho com pena de não conhecer as melhores cachoeiras, precisávamos seguir a caminhada. O rio Benedito Novo ainda nos acompanha pela beira da estrada, e caminhar ao som das quedas de água é maravilhoso. Muita subida até a Liberdade, paramos para descansar em frente a uma casa bem antiga, foi quando parou uma Kombi, do guia do pessoal de Mato Grosso do Sul, ele falou que tinha ouvido falar de nós por eles e por outros na estrada, que achavam que ele estava nos dando apoio também. Ele nos ajudou com a bomba de água manual que tinha atrás da casa, ele conhecia tudo alí, pois era morador antigo da região. Fizemos pausas maravilhosas a beira de cachoeiras e riachos, molhamos os pés na água gelada, o que é muito bom para alivio das dores.

Encontramos uma canoa no rio, onde pudemos fazer algumas fotos e brincar , brincamos muito nessa expedição. Casas enxaimel e igrejas ainda aparecem pelo caminho de montanhas com verdes de muitas tonalidades, estradas sombreadas e clima fresco, caminhamos o tempo inteiro praticamente em estradinhas que cortavam as florestas, o verde tão abundante enchia nossos olhos, lamento por não termos tido mais tempo para apreciar e aproveitar aquela energia tão especial. Neste dia meu corpo começou a entrar num estado tão grande de paz, que eu já digo, e me sinto como separada de meus pés e pernas que doem ainda, mas não me causam sofrimento, como anestesiada, meus pés doem, mas e eu, como estou ? Eu estou aqui em cima, meu coração está em paz e sereno.

Em algum momento da caminhada deste percurso, começamos a nos indagar sobre quanto não se fala em índios em nossa região, e provavelmente naquela região também não, pois foram colonizadas no fim do século XIX e inicio do século XX por povos europeus, os índios são povos esquecidos em nossas regiões, porém muito digno honrar esses povos que estavam antes nas terras do Brasil, e lembrarmos quantos deles foram mortos em confrontos de terras e alguns escravizados pelo homem branco, que chegou depois? Por isso achei muito pertinente colocar o nome desse artigo nos referindo a eles. Como podemos ser gratos a contribuição que foram para nossas terras? Seguimos na reflexão!

Tínhamos pousada reservada, Pousada do Vale, praticamente no meio da mata, se não fosse a estrada, um lugar bem isolado, já tínhamos as refeições reservadas com eles, devido ao distanciamento da área urbana. Ao chegarmos lá preparamos um escalda pés com hortelã, alecrim e manjericão que colhemos no quintal e depois massageamos nossos pés. Era uma pousada familiar, eles usam a casa para receber hóspedes de toda parte, casa simples, gente hospitaleira, muito amáveis, a comida era uma delicia. Jantamos com a família, e depois fizemos chamadas de vídeo com parentes e amigos antes de dormir, foi um dia incrível, muito contato com a natureza e a energia do povo da floresta, estávamos refeitas. Amanhã é o penúltimo dia, vamos até Ascurra, 18,6 km, um percurso mais leve mas com certeza não menos venturoso, apesar da chuva que persiste!