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Cotidiano | 25/02/2010 | 14:47

O primeiro hotel do Rincão

Kênia Pacheco - kenia.pacheco@canalicara.com

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Nos tempos em que apenas quatro residências formavam a Praia do Rincão, por volta de 1943, alguns moradores já aproveitavam para ganhar dinheiro. Entre eles, Vital Mariano Estácio, que montou em sua casa um hotel para atender os visitantes que já chegavam ao litoral naquela época. A família composta pelo casal e 11 filhos deixou o local onde vivia na Lagoa dos Freitas quando a pequena Carolina tinha apenas 4 anos. E seu pai, com visão empreendedora passou a receber veranistas em um casarão de madeira que adquiriu, bem pertinho do mar, local onde se estivesse até hoje teria como vizinhos o Restaurante Pedro Luiz e o Museu Arqueológico Nossa Senhora dos Navegantes, na Rua Florianópolis, no Centro do Balneário.

Exatamente 67 anos depois, com os cabelos brancos que representam sua experiência, Carolina lembra tudo com riqueza de detalhes e com um largo sorriso no rosto esbanja um espírito de alguém ainda muito jovem, apesar da idade. A costureira que sempre viveu no Rincão conta detalhes e relembra com saudade nos olhos como tudo era feito.

O arroio de águas limpas sempre foi muito utilizado. Logo cedo, as meninas da casa buscavam água para que a mãe pudesse usar na hora de cozinhar o almoço. Ali também, por ser de água corrente muitas vezes se tomava o banho, tanto os donos do hotel, quanto os veranistas. “Até tínhamos umas bacias grandes, mas o pessoal tomava banho no mar, passava no arroio e depois não pedia a bacia, já iam deitar assim. Tudo era mais simples. A água encanada veio quase quinze anos depois”, conta ela.

O hotel não era muito grande. No começo, eram sete peças, entre quartos, sala e cozinha. Depois, com a procura das pessoas, a sala foi ampliada e o restante também. Banheiro não existia. As necessidades eram feitas em duas patentes também de madeira. No hotel foram realizados inclusive bailes e festas de Carnaval com quatro noites de folia e à tarde de domingo reservada para a criançada.

Uma das dificuldades lembradas não era assim tão difícil, mas para as meninas moças se tornou algo complicado, pois o compromisso não permitia que elas saíssem de casa para diversão. “Era servido café, em seguida o almoço, depois café da tarde e jantar. A gente não tinha tempo nem de dar uma voltinha no domingo a tarde, pois quando limpava a cozinha de uma refeição já tinha que servir a próxima”. Com o passar do tempo, as filhas do seu Vital casaram-se.

E com isso, ele optou por vender o hotel e comprar algumas casas que ele locava para garantir a renda da família. Atualmente o Rincão conta com o Hotel Cassetari, algumas pousadas e até campings que recebem turistas o ano todo. Contudo, a maioria das pessoas que aproveitam suas férias na praia possuem residência própria.