Lucas Lemos [Canal Içara]
Cotidiano | 06/05/2017 | 11:00
Opinião: A saúde nos países ricos
Leitor Mario Eugenio Saturno*
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Assisti a uma reportagem na CNN sobre a saúde pública nos países do primeiro mundo que me inspirou a olhar com mais atenção ao que acontece por lá, já que se critica tanto o que temos no Brasil, totalmente gratuito, mas com serviço ruim. A Alemanha e a França usam o modelo de seguro social para pagar a assistência médica à população, ou seja, são alíquotas que incidem diretamente na renda do trabalhador, mas, ao contrário dos EUA, todo mundo está coberto, e as empresas não visam o lucro. Os contribuintes também são os donos das organizações envolvidas através de conselhos e sindicatos.
As pessoas pagam uma taxa no atendimento médico, entre US$ 5 e US$ 11 na Alemanha e US$ 25 na França, taxas que são reembolsadas quase sempre. Nos EUA, cobra-se de US$ 30 a US$ 200, dependendo da seguradora. Já no Reino Unido e Canadá é totalmente gratuito.
O país ocidental que mais gasta em saúde são os EUA, que passou de 17,1% do seu PIB em saúde em 2014. O Reino Unido gastou 9,1% do seu PIB em saúde no ano de 2014, uma queda considerável comparado com 2009 que foi de 9,8%. A Alemanha gastou 11,3% do PIB e a França, 11,5%.
Em valores gastos por pessoa, o Reino Unido gastou US$ 4.003, o Canadá, US$ 4.609, a França, US$ 4.407 e os Estados Unidos, US$ 9.451. O valor do que gastam os EUA é cerca de R$ 30 mil. Se no Brasil se gastasse isso, o orçamento público nas três esferas deveria girar em torno de R$ 6 trilhões, um pouco menos do PIB. E por que nos EUA gasta-se cerca do dobro que as outras nações desenvolvidas? Certamente, utilizam muitas tecnologias avançadas e novos tratamentos para doenças graves como o câncer e toda novidade custa muito mais caro. Deve-se ressaltar que o modelo estadunidense é privado, que abrange apenas aqueles que estão segurados, ou seja, os que pagam. E essas empresas visam o lucro.
O caro sistema americano leva a uma divisão na sociedade entre os que têm mais ou que tem menos cobertura universal. Quem tem bastante dinheiro recebe bons cuidados médicos, quem não tem dinheiro, não se encaixa no sistema. É um sistema desumano e injusto com seus cidadãos. Nos outros países, salienta-se a relação custo-eficiência do Serviço Nacional de Saúde. No Reino Unido paga-se menos por paciente do que os demais dos países do Ocidente analisados, mas não quer dizer que o sistema não seja eficiente.
A Alemanha também é a campeã em número de leitos por mil pessoas, 8,2; a França com 6,2; EUA, 2,9; Reino Unido e Canadá com 2,7. Já o número de médicos por mil pessoas, Alemanha tem 4,1; França, 3,1; Reino Unido, 2,8; EUA, 2,6; e Canadá, 2,5. Enquanto o Canadá e o Reino Unido têm todos os seus cidadãos assegurados, na França. 0,1% estão fora dos sistema de saúde, na Alemanha, 0,2% e nos EUA, 9,1%.
Essas nações ricas estão muito preocupadas com a saúde, pois junto com o aumento da expectativa de vida, esta aumentando a demanda por cuidados médicos, principalmente com o diabetes e as doenças cardíacas que requerem tratamentos com custos em ascensão. E destaca-se que o número de leitos hospitalares caiu, enquanto as internações nas salas de emergência aumentaram.
*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.