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Cotidiano | 23/09/2017 | 11:00

Opinião: Estrelas conhecidas

Leitor Mario Eugenio Saturno*

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Há poucas semanas, pesquisadores da Universidade de Cambridge no Reino Unido anunciaram a descoberta da menor estrela conhecida, um pouco maior do que Saturno, a estrela EBLM J0555-57Ab. Ela está localizada a cerca de 600 anos-luz da Terra e mostra que tem a massa mínima para que se possa ser chamada de estrela, ou seja, que é capaz de iniciar e sustentar a fusão de hidrogênio em seu núcleo.

Se essa estrela tivesse se formado com um pouco menos de massa, a reação da fusão de hidrogênio em seu núcleo não seria sustentável, e a estrela teria se tornado uma anã marrom. As estrelas pequenas e frias não são apenas curiosidade científica, essas são candidatas muito boas para se procurar por planetas com condições de habitabilidade, como recentemente se viu com a estrela anã Trappist-1.

Embora sejam as estrelas mais numerosas no Universo, esses pequenos astros, com massa e dimensões menores do que um quinto do Sol, elas são difíceis de serem detectadas pelos nossos telescópios. Do outro lado da escala, há exatos sete anos, pesquisadores da Universidade de Sheffield na Inglaterra descobriram a maior estrela que se conhece. De tão grande, foi chamada de estrela hipergigante, denominada de RMC136a1, ela tem mais de 300 vezes a massa do Sol, e isso é duas vezes mais do que os astrônomos acreditavam ser o tamanho máximo de uma estrela.

E a R136a1 não é apenas a estrela de maior massa já encontrada, mas é também a que apresenta a maior luminosidade, cerca de dez milhões de vezes mais brilhante do que o Sol. Ela pertence a uma nuvem estelar denominado RMC136a.

A descoberta foi feita combinando medições por instrumentos do Very Large Telescope do ESO (Observatório Europeu do Sul) e do Telescópio Espacial Hubble. Além do RMC136a, foi estudado detalhadamente outro enxames estelar jovem, denominado NGC 3603, que é onde novas estrelas formam-se em um ritmo forte a partir das extensas nuvens de gás e poeira da nebulosa e que está situada a cerca de 22.000 anos-luz de distância.

O RMC 136a é composto por estrelas jovens, quentes e de grande massa, que se situa no interior da Nebulosa da Tarântula, em uma das nossas galáxias vizinhas, a Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 165.000 anos-luz de distância.

A equipe de pesquisadores encontrou várias estrelas com temperaturas superficiais de mais de 40.000 graus Celsius, ou mais de sete vezes mais quentes do que o nosso Sol, algumas dezenas de vezes maiores e vários milhões de vezes mais brilhantes. E várias destas estrelas nasceram com massas superiores a 150 massas solares. A estrela R136a1 tem massa de 265 massas solares, mas nasceu com uma massa de 320 vezes a massa do Sol.

Estrelas com massas entre 8 e 150 massas solares explodem no final das suas curtas vidas sob a forma de supernovas, restando ao final estrelas de nêutrons ou buracos negros. As estrelas com massas de 150 a 300 massas solares, não se sabe mas os astrônomos levantam a hipótese de gerarem supernovas instáveis, que explodiriam completamente, sem deixar restos e que liberariam até cerca de dez massas solares de ferro para o meio interestelar.

*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.