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Cotidiano | 03/06/2017 | 11:00

Opinião: Ler faz muito bem

Leitor Mario Eugenio Saturno*

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Todos sabemos que ler livros de ficção é muito bom para aprender a Língua e agora os cientistas afirma que a ficção faz muito mais que isso. De acordo com um novo estudo, realizado por Keith Oatley, professor de psicologia cognitiva emérito da Universidade de Toronto, e publicado na revista “Trends in Cognitive Sciences”, livros de ficção podem ensinar os leitores sobre tópicos complicados como racismo, pobreza, bullying, orientação sexual e muitas outras questões. E isso dá a esses leitores a capacidade de entender melhor as pessoas.

Oatley, que também é um escritor premiado, afirma que uma obra de ficção é um pedaço de consciência que pode passar de uma mente para outra e que o leitor pode torná-la sua. Os livros podem funcionar como um “laboratório moral”. A leitura pode ajudá-lo a testar com segurança como você se sente sobre certas questões ou pessoas, sem ter que experimentar algo diretamente. Oatley acredita que os romances que mais ajudam são aqueles que buscam entender os personagens por dentro, como a “Sra. Dalloway” de Virginia Woolf, bem como com a ficção popular “Harry Potter”.

A leitura de livros como aqueles pode melhorar a vida amorosa, a vida familiar e os relacionamentos no trabalho. Aprende-se com as preocupações da Sra. Dalloway enquanto compra flores ou conforme Harry Potter esforça-se para controlar seus poderes junto a sua família comum e negligente. O leitor compara essas experiências com as próprias. E as experiências dos personagens são internalizadas para aumentar a cognição cotidiana.

Em outras palavras, segundo Oatley, a leitura de ficção melhora a empatia com as pessoas, conforme observou em seu estudo. Ele também observa que em outros estudos cerebrais de pessoas que ouvem histórias que envolvam uma emoção intensa mostram uma resposta física, como mudanças de ritmo cardíaco. E exames cerebrais mostram que a área que corresponde à emoção acende-se, como se a pessoa estivesse experimentando essa emoção pessoalmente.

E estudos anteriores mostraram que os programas de televisão, como os seriados guiados pelas personagens e não pela trama, como “The West Wing” ou “The Good Wife”, também podem ajudar a entender melhor o que os seres humanos estão fazendo. Outros estudos mostraram que assistir a comédias de personagens pode diminuir o preconceito dos telespectadores. Isso é uma boa novidade, já que as comédias contém conteúdo preconceituoso contra minorias.

Para o cientista, sua pesquisa ensina que não basta ser tão esperto quanto Sherlock Holmes, para ser bem sucedido, ou seja, dar-se bem nesta vida, é precisa entender realmente as pessoas emocionalmente. E não se pode estar tão emocionalmente indisponível como o Sr. Darcy, personagem do livro “Orgulho e Preconceito”. E ainda aprender a lição que Jane Austen está tentando ensinar nesse livro, ou seja, para amar as pessoas, é necessário realmente conhecê-las. Oatley conclui lembrando que as pessoas dizem que só tem uma vida, “mas eu digo que ao ler uma ficção faz o leitor viver muitas vidas”.

*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.