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Cotidiano | 07/01/2017 | 11:00

Opinião: Plástico brasileiro no espaço

Leitor Mario Eugenio Saturno*

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Um equipamento com grande potencial é a impressora 3D. Surgiu há muitas décadas, mas nos últimos anos tornou-se um equipamento prático para qualquer um. Inclusive para aplicações espaciais. A impressão 3D parece com uma impressão comum, só que ao invés de injetar tinta em papel, injeta algum material sólido e reinicia o processo para o plano superior sobre o anterior, formando um sólido. Em outras palavras, vai adicionando materiais, camada por camada, até que o produto esteja pronto.

Mesmo sendo um processo lento, é muito mais rápido que os processos tradicionais como, por exemplo, o torno mecânico que vai subtraindo camadas até se ter a peça desejada. Obviamente, a fabricação de protótipos ganhou um aliado fantástico. Mas a evolução das impressoras foi rápida e incrível. Hoje, temos impressoras de alimentos e, mesmo uma impressora enorme que fabrica casa chamada de Apis Cor, de 192 metros quadrados e que consumiu apenas 8kWh para ser construída em apenas um dia. Ou outra impressora que fabrica um carro, a carroceria e os vidros através da impressão 3D, chamado de Urbee, um carro hibrido muito econômico.

A NASA testou a impressora 3D visando reduzir a quantidade de ferramentas e peças necessárias para uma missão espacial, simplificando e melhorando o ambiente para os astronautas em naves espaciais. Surgindo a necessidade de algum produto, basta imprimir. Isso terá grande impacto em uma missão de longo prazo como, por exemplo, para Marte. A impressora da NASA conseguiu imprimir camada por camada de objetos em voos de baixa gravidade na Terra e seria capaz de reproduzir até peças de metal para máquinas. Assim, a NASA enviou uma impressora à Estação Espacial Internacional (ISS) com grande sucesso.

O que pouca gente deve saber é que a matéria prima da impressora, o Plástico Verde, é feito da cana-de-açúcar e no Brasil. Isso se deve a uma parceria da Braskem, que é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, com a Made In Space, empresa norte-americana líder no desenvolvimento de impressoras 3D para operação em gravidade zero, a fornecedora da NASA. Essa tecnologia permite a fabricação de peças no espaço em resina de origem renovável, dando mais autonomia às missões espaciais.

O Plástico Verde da Braskem foi escolhido para o projeto por ter flexibilidade, resistência química e ser reciclável. O sucesso obtido na experiência na ISS deu à NASA confiança para definir a impressão 3D no espaço como um dos avanços essenciais para uma eventual missão a Marte, especialmente porque ter a capacidade de imprimir peças e ferramentas sob demanda aumenta a confiabilidade e segurança de missões espaciais.

O Plástico Verde também apresenta um grande impacto ambiental, para cada tonelada de resina de origem renovável produzida, 2,78 toneladas de CO2 são capturados, segundo um estudo da ACV Brasil e com revisão técnica de um painel composto pelo Institute for Energy and Environmental Research GmbH (IFEU) e pela Michigan State.

*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.