logo logo

Curta essa cidade!

HUB #IÇARA

Venha fazer também a diferença!

Comunicação + Conteúdo + Conexões

Acessar

Cotidiano | 17/02/2018 | 11:00

Opinião: Vinte e cinco anos do SCD-1

Leitor Mario Eugenio Saturno*

Compartilhar:

Muitas obras inacabadas irritam os cidadãos brasileiros, de pontes, hospitais e escolas ao Programa Espacial Brasileiro. São bilhões desperdiçados, sem transportar alimentos, sem salvar nem educar ninguém, sem trazer progresso tecnológico, nem científico.

O Brasil investiu muitos bilhões na área espacial, na infraestrutura, em naves e foguetes, em tecnologia e ciência, mas não dá continuidade, não mantém o investimento. E o pior, mais de meio século investido na área.

O Inpe surgiu na rabeira dos lançamentos do primeiro satélite em 1957 e do primeiro astronauta, Iuri Gagarin, em 12 de abril de 1961. A Sociedade Interplanetária Brasileira (SIB) resolveu, durante a Reunião Interamericana de Pesquisas Espaciais, propor a criação de uma instituição civil de pesquisa espacial ao presidente da República Jânio Quadros.

Jânio ficou entusiasmado e, em 3 de agosto de 1961, assinou o decreto criando o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), o embrião do que viria a ser o Inpe. O interesse externo na coleta de dados na faixa equatorial trouxe a oportunidade para o Inpe inserir-se na comunidade científica internacional.

Foi quando o Inpe propôs ao Ministério da Aeronáutica a construção de uma base de lançamento de foguetes com cargas científicas. O Centro de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno (CLFBI), em Natal (RN) foi inaugurado em 1965 com o lançamento de um Nike-Apache, foguete da National Aeronautics and Space Administration (NASA).

Em 1966, foi criado o programa Meteorologia baseado na recepção de imagens meteorológicas de satélite NOAA da NASA. Depois, veio o Projeto Sensoriamento Remoto (SERE) em 1969 usando fotos aéreas do Earth Resources Technology Satellite (ERTS) e, depois, do LANDSAT. Como sucesso, pode-se destacar, em 1970, a detecção de ferrugem nos cafezais na região de Caratinga (MG).

Cabe destacar ainda, nesses anos, o projeto Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI), que consistia na utilização de um satélite de telecomunicações da NASA para a transmissão de conteúdos educacionais produzidos e transmitidos pelo Inpe. Entre tantos outros projetos, faltava o projeto de um satélite próprio.

Em 20 de janeiro de 1970, foi criada a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE) para elaborar a política espacial e coordenar o Programa Espacial Brasileiro. E em 22 de abril de 1980, criou-se a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) visando o desenvolvimento de quatro satélites e de um veículo lançador. E isso trouxe grande aumento do orçamento, a contratação de recursos humanos e projetos de ampla infraestrutura.

Ao Inpe coube desenvolver dois satélites de coleta de dados ambientais de aproximadamente 100 kg e dois satélites de sensoriamento remoto de cerca de 150 kg em órbita polar, além de desenvolver um sistema de solo para o controle de satélites. Os tecnologistas do INPE enfrentaram e venceram difíceis barreiras tecnológicas. Para o foguete elas foram intransponíveis fazendo-se necessário contratar lançamento pelo foguete Pegasus, em 9 de fevereiro de 1993 do SCD-1.

*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.