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Cotidiano | 30/11/2017 | 10:38

Padre Silvestre Junkes completa 60 anos de sacerdócio

Redação | coma colaboração de Bibiana Pignatel, da Diocese de Criciúma

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Silvestre Junkes celebra 60 anos de sacerdócio nesta sexta-feira, dia 1. O jubileu será comemorado no domingo com a comunidade da Paróquia São Miguel Arcanjo, em Vila Nova. Logo após, às 11h30, será lançado o livro Memórias de Padre Silvestre Junkes – Sacerdote e Operário da Obra Divina, de autoria de Elza de Mello Fernandes. No próximo dia 14 ele completará também 91 anos de vida, apesar das dificuldades impostas em razão da saúde, com alegria e fé.

Nascido em Forquilhinha, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, padre Silvestre é o quinto dos dez filhos de Edwiges Borgert e Davi Junkes e teve nos irmãos mais velhos, Bernardo e Alfredo, o espelho para assumir a vocação ao sacerdócio. Ingressou no Seminário em São Ludgero aos 16 anos de idade com vontade contrária do pai, que desejava que o filho fosse médico. Ainda jovem só sabia falar alemão e muito pouco de português, por isso conta que passou por muitas dificuldades em sua caminhada seminarística.

Antes de ingressar no seminário teve aulas com os professores Adolfo Back e Jacob Arns e, mais tarde, com cinco religiosas que vieram da Alemanha, cujos nomes recorda até hoje e ainda guarda o crucifixo que ganhou de uma delas no dia de sua ordenação. Com o lema “Nossa Senhora, abençoa o meu sacerdócio”, padre Silvestre confiou à Mãe de Jesus o seu ministério e por meio de sua intercessão encontrou forças para vencer todos os desafios. “Agradeço pela vida, dom de Deus. Vou fazer 91 anos e nunca pensei chegar até aqui”, diz.

“Quando fiquei padre, meu pároco, que era franciscano, de certa idade, depois da missa solene disse para mim: Parabéns, padre novo! Eu respondi: Eu não sou novo, estou com 31 anos. Ele olhou para mim e disse: Padre, para casar e para ficar padre a gente nunca é velho demais!”, conta padre Silvestre, com uma risada. “Pensei em desistir, mas depois vi que queria ser padre mesmo. Assumi e enfrentei lugares difíceis. As três primeiras nomeações que tive, foram nomeações que nunca sonhei na minha vida”, relembra.

“Quando fui ordenado padre, jamais pensei em ser vigário da Paróquia Santo Antonio dos Anjos. Laguna era considerada naquele tempo a cidade mais culta do Sul, senão do estado. E antes do almoço da ordenação, eu já sabia, porque um secretário me contou durante a volta da catedral: Olha, prepara a canoa! e então eu já sabia que era Laguna, porque lá havia seis capelas para chegar de canoa. Depois de um ano, fui nomeado pároco de Armazém, onde permaneci apenas 18 dias”, recorda.

“Um colega havia sido nomeado para Braço do Norte e não aceitou, então o bispo me transferiu para lá. Outra paróquia que jamais sonhei. Braço do Norte era considerada a paróquia piloto da Diocese de Tubarão, grande e bem organizada, as pastorais caminhavam bem, uma cidade que estava crescendo. Depois, fui para Rio Fortuna e retornei à Armazém. Até que fui solicitado por um colega para auxiliar na formação no Seminário de Tubarão. Lá permaneci três anos, cuidando da formação espiritual do grupo dos maiores e dando aulas de Liturgia e História da Igreja. Na época, havia 220 jovens no seminário. Assim, tive que cuidar e muitas vezes resolver as vocações”, completa.

Padre Silvestre já soma 52 anos em Içara. Chegou em 1966, para auxiliar o irmão, padre Bernardo, como vigário na Paróquia São Donato, onde ficou sete anos e meio. “Vim com a promessa do bispo de ser pároco de uma paróquia desmembrada de Içara. Em janeiro de 1973 se deu a criação da Paróquia São Miguel, de Vila Nova e, em setembro do mesmo ano, assumi a paróquia. Estive a frente durante 20 anos e por motivos de doença, Dom Hilário Moser me pediu se eu queria ser transferido ou se queria um auxiliar. Passei a ser vigário”, conta.

Padre Silvestre recorda que quando assumiu a Paróquia de Vila Nova, encontrou comunidades com estruturas físicas precárias, mas sempre pode contar com o apoio da comunidade, que o ajudou a concluir a igreja, construir a casa e o salão paroquial, entre outros. Enquanto as obras eram encaminhadas, o presbítero dormia na sacristia e fazia suas refeições fora, uma vez que nem cozinha havia no local. “As pessoas questionavam: Por que o senhor quer fazer um salão desse tamanho? Eu disse: Festa de São Miguel é costume chover! Existe a enchente de São Miguel, por isso, vamos fazer um salão bem grande, porque se chover o povo pode vir, pois tem aonde se abrigar”, relata.

“Eu gosto de Vila Nova. O povo sabe que as paróquias, todas elas, tem seus problemas, dificuldades e desafios. Umas de um jeito, outras de outro. Mas penso que o padre tem sempre que olhar aquilo que Jesus diz na Sagrada Escritura: Vim para servir e não para ser servido. Devemos caminhar por aí. Estar a serviço da comunidade e servir mesmo nas coisas pequenas. As pessoas nunca esquecem”, enaltece. “Às vezes nos queixamos enquanto caminhamos, nos alimentamos, vivemos bem e outras pessoas estão há muitos anos no fundo de um leito”, diz o religioso.

“Quanto à nossa caminhada, nós padres temos três pontos importantes que devemos levar com muita seriedade: o primeiro é a Eucaristia, ponto alto de nossa fé. O segundo é, sem dúvida, sermos evangelizadores. Temos muitos mestres talvez, no mundo de hoje, mas devemos deixar de ser mestres e sermos evangelizadores. O terceiro é para todo mundo e muito mais para o padre: a oração. Oração é fundamental”, pontua.