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Cotidiano | 14/05/2010 | 08:53

Relatos de desespero e prejuízos

Larissa Matiola (Jornal Gazeta) - redacaogazeta@engeplus.com.br

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Medo. Esse foi o sentimento de milhares de famílias que durante a madrugada de quarta-feira, dia 13, presenciaram a força da chuva. Sensação também de desamparo, para quem perdeu móveis, roupas e eletrodomésticos, muitos deles levados pela água, que atingiu seriamente os bairros Liri, Barracão, Mirassol, Nossa Senhora de Fátima e Jussara (Barreira), Esplanada, Barra Velha e Marili. A equipe do Jornal Gazeta percorreu as ruas de alguns bairros e pode presenciar os estragos ocasionados pela enxurrada.

No Loteamento Jussara, muitas famílias tiveram que ser retiradas de casa com a ajuda de botes e tratores fornecidos pela Defesa Civil, já que a água passava da cintura em alguns pontos. Os trabalhadores contam que as imagens eram desesperadoras. “Crianças chorando com medo, tendo que atravessar a água suja e gelada”, fala José Nascimento. Muitas famílias ainda se recusavam a abandonar as casas. O caso mais grave era o de uma menina de 13 anos que estava em casa sozinha com a irmã menor, a água já invadia a casa, mas ela se recusou a sair do local sem a presença do pai. “Não podemos fazer nada nesses casos, vamos ficar monitorando a situação para evitar algum acidente”, lamenta José.

O trânsito esteve interrompido em diversos pontos, no anel viário que liga Içara a Criciúma, a encosta cedeu e causou desmoronamento de terra sobre a pista fazendo com que os motoristas que circularam pelo trecho mantivessem atenção. No Centro, um dos primeiros bairros a ser atingidos, vários moradores tiveram que desocupar suas residências. Assustado, Jean Marcelo Neves conta que acordou por volta das 4h com a água invadindo a casa. O muro e o portão foram levados pela correnteza. Segundo ele, esta foi a primeira vez que aconteceu. E, teme que a situação volte a ocorrer caso chova novamente. “Aterrei o terreno e levantei a casa, para ter mais segurança e acontece isso. É desesperador, a gente não sabe o que fazer, não temos como impedir a entrada da água”, fala assustado. O terreno de Jean é cortado pelo Rio Içara, que não teve vazão suficiente e começou a passar por fora do canal.

Ainda no Centro, na Rua Getulio Vargas, a dona de casa Rosalva Réus, que tem a casa construída em cima do canal onde passa o rio, passou a quinta-feira contabilizando os prejuízos. O único eletrodoméstico salvo foi a geladeira, o restante como as máquinas de lavar roupa e a secadora, panelas, além do botijão de gás ela acompanhou serem carregados pela água. “Fui pegar minha máquina na outra rua, ainda nem tentei ligar pra ver se vai funcionar”, comenta. Além disso, móveis foram arrastados e um monte e lixo se formou no portão. Com ajuda de vizinhos, que formaram um mutirão, ela tomou coragem para iniciar a limpeza do local. “Perdemos colchões, calçados. Estamos dependendo agora das doações de vizinhos, menos afetados pela chuva”, afirma e acrescenta.

Na Avenida Procópio Lima, o asfalto ficou em baixo da água. O serralheiro Lédio José Ávila não sabe mais o que fazer, pela sétima vez só neste ano, ele viu a sua serralheria ser alagada. Esta última foi a pior. “Nunca tinha entrado tanto água assim. Já não sei mais o que fazer”, fala preocupado. Sempre que ocorre a inundação Lédio fica pelo menos três dias sem poder trabalhar, período que a água leva para secar. “Qualquer chuva já inunda a rua, então passa um ônibus e joga a água pra dentro da serralheria”, afirma. A proprietária de um bar na esquina da Avenida, Dilcéia Mendes da Silva, enfrenta o mesmo problema. “Ficou tudo embaixo da água, não tive coragem nem de contabilizar meu prejuízo”, lamenta ela.

Moradora do bairro Nossa Senhora de Fátima há 17 anos, Marino Dela Vedove conta que qualquer chuva com mais intensidade deixa as ruas da comunidade em baixo da água. Outra moradora, Terezinha Fernandes, considerou esta a pior enchente dos últimos quatro anos. “Já perdi as contas de quantas vezes a água invadiu minha casa. Para evitar outros alagamentos, tivemos que levantar toda a estrutura”, comentou ela. Vinte centímetros. Esta foi a altura onde a água da chuva atingiu as paredes da casa de Lédio Pereira, morador do bairro Liri, que também teve que sair de sua residência.


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