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Cotidiano | 03/09/2012 | 08:46

Segredo de um relacionamento duradouro

Especial de Samira Pereira, do Jornal da Manhã

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Muitos casais não resistem aos primeiros anos de matrimônio. Não se entendem, brigam a toda hora, acham que fizeram mal negócio se unindo. A receita para um relacionamento de sucesso, no entanto, é pautado na boa convivência. E esse segredo, Erotides Bergmann e Mário Guglielmi conhecem como ninguém. Casados há 68 anos, completados nesse domingo, eles dizem que “foram criados num tempo em que os pais ensinavam a consertar o que estava quebrado, e não a jogar fora”. Em quase sete décadas de união, foram abençoados com 10 filhos, 25 netos e 23 bisnetos. “E o 24º está vindo aí. A família cresceu, foi um presente de Deus”, declara Erotides.

Os dois conheceram-se na juventude, durante um baile. Mário procurava alguma moça “dançadeira” com a qual pudesse passar a noite bailando pelo salão. Foi aí que os amigos indicaram Erotides. “Ele me tirou para dançar, e daí em diante começamos a namorar. Ficamos juntos por dois anos, e o relacionamento naquela época era muito severo. Nem pensar em andar de mãos dadas ou dar um beijo na frente dos outros”, conta a mulher. Do namoro na sala de casa, ela tem belas recordações. “O pai não ficava junto, mas de vez em quando a mãe aparecia na porta oferecendo café, bolacha, pão, só para ver como a gente estava se comportando”, conta, aos risos.

O casamento foi realizado no dia em que Mário completava 20 anos. Era 2 de setembro de 1944, e Erotides estava prestes a completar 22, sendo dois anos mais velha que o noivo. O detalhe é que Mário não sabia disso. “Ele só descobriu no dia do casamento. Eu tinha medo, achava que ele não ia me querer se soubesse durante o namoro”, conta. Seu Mário, que hoje faz hemodiálise três vezes por semana, teve um tumor na cabeça e sente dificuldades em falar, com muito esforço afirma que “para o amor não existe idade”, conta, emocionando a esposa.

A cerimônia do matrimônio ocorreu durante a manhã, na igreja de Estação Cocal. O almoço foi servido na residência de Erotides, e o jantar na casa de Mário. Nos dois anos seguintes, o casal morou com os pais do noivo, quando teve duas meninas. De lá, mudaram-se para Praia Grande. “Enquanto ele ia para a roça, eu cuidava da casa e dos animais. Tirava leite de mais de 100 vacas, limpava a casa e ficava com crianças. Comecei, então, a dar aula em uma escolinha. Eram 40 alunos, incluindo duas filhas minhas”, recorda Erotides. Loise, uma das filhas mais velhas, se lembra com carinho desse tempo. “A gente já saía avisada de casa, tinha que dar exemplo para os outros. Mas a mãe era muito boa professora, era brava somente quando tinha de ser”, conta. “Eles tinham medo de mim, mas eu só queria o bem. Lembro que tinha uns meninos bem pobrinhos que iam para a sala sujos do trabalho, então eu dava pente, escova de cabelo, toalha e espelho e eles iam ao córrego se limpar. Voltavam tão bonitinhos”, conta a ex-professora.

Hoje, após 68 anos do matrimônio, Erotides e Mário não escondem a felicidade por ter tido uma vida tão feliz a dois. De acordo com o marido, “de vez em quando tinha um arranha-céu, mas logo passava”. Dona Erotides, por sua vez, relata os bons momentos pelos quais passaram nas últimas sete décadas, entre casamento e namoro. “O Mário sempre foi um marido e um pai muito presente. Lembro quando ele vinha da roça, que as quatro meninas iam correndo encontrá-lo. Mesmo cansado do trabalho, ele dava jeito de pegar todas no colo ou nas costas, e trazê-las até em casa. Quando vinha da venda, a correria era pra ver qual bala o pai tinha comprado”, sublinha.

O segredo de um relacionamento feliz, conta Erotides, é simples. Independe de dinheiro, de posição ou de renda. A receita, diz ela, está diretamente ligada à convivência e ao respeito. “Nós nunca discutimos na frente dos filhos, e nunca chamamos a atenção deles quando outras pessoas estavam perto. Ao longo desses anos, plantamos boas sementes para colher bons frutos. A gente tem que saber viver, tem que respeitar um ao outro. Só assim pra chegar a essa idade, olhar para trás e ver que tudo valeu a pena. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo exatamente como eu fiz”, pontua Erotides.