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Cotidiano | 26/02/2022 | 07:20

Simone Cândido: Afeto que não cabe em um sobrenome

Que todo pai e toda mãe possam dar o amor que seus filhos necessitam

Simone Luiz Cândido

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Anos atrás, uma jovem de apenas 17 anos começou um relacionamento com um jovem de 20. Alguns meses depois ela descobriu que estava grávida. Sendo muito jovem, não sabia como seria sua vida dali para frente. Tinha muitos sonhos, queria estudar, continuar trabalhando e agora eis que surge uma nova vida. A jovem contou ao namorado que estava grávida. Ele, por vez, não quis assumir a criança, muito menos o relacionamento. Ela sentiu-se perdida, mas teve apoio dos pais e dos avós.

O tempo passou e ela teve o bebê que foi registrado somente com o sobrenome materno. Ela seguiu firme. Continuou trabalhando e com a ajuda dos pais e avós seu filho foi crescendo. A presença paterna era do avô e também do bisavô. Até os cinco anos do menino, estava tudo indo muito bem. Com cinco anos completos ele começou a frequentar a escola e na escola sempre eram feitas homenagens para o dia dos pais.

Nessa época o avô e também o bisavô já haviam falecido. O menino perdera a figura paterna. A mãe preocupada com isso, ia para a escola, conversava com a diretora para que o menino não se sentisse constrangido em ter que fazer uma homenagem para o pai que até então ele não conhecia. A diretora orientava a professora que o menino homenageasse a mãe, já que ela quem cuidava dele sem a presença do pai.

Na formatura da pré-escola foi um dos primeiros dias mais difíceis de sua vida. Na tela da projeção foram apresentadas imagens dos alunos com os nomes dos pais e na sua vez tinha somente o nome de sua mãe. Foi um momento difícil. Aconselhada por várias pessoas amigas, a jovem mãe procurou um advogado para fazer um exame de DNA. As conversas com o menino começaram aos poucos. Ela explicou que ele tinha um pai e que teria direito de conhecê-lo. Era justo que soubesse sua origem.

O menino e também a mãe criaram muitas expectativas de que o genitor poderia conviver com o menino, lhe dispendendo o afeto que o menino tanto desejava. O genitor nessa época já havia formado família com outros filhos. O exame foi realizado, comprovando a paternidade pelo DNA o qual a mãe não tinha nenhuma dúvida. O juiz determinou que o pai convivesse com a criança por um ano até que acostumasse com o menino. Depois disso seriam visitas quinzenais.

A mãe e o menino saíram dali felizes, esperando recuperar todo tempo perdido. Não seria só receber uma pensão determinada pelo juiz já que até então teriam vivido sem a mesma o mais importante era o amor de pai que lhe faltava. O tempo foi passando, mas o pai não teve interesse em conviver com o filho. Continuou sendo apenas o genitor, o amor não veio. O menino cresceu, desenvolveu vários problemas de saúde, foi ficando triste, mesmo tendo agora um nome de um pai na sua certidão.

O fato de ter um nome de um pai e um sobrenome não lhe bastava. O amor da mãe não supria a falta da presença do pai junto dele. A mãe chorou muitas noites escondida do filho que sonhava em ter o amor que não veio. O menino teve problemas na garganta, fez cirurgia, as dores da alma atingiram também a parte física. Foi acompanhado por psicólogas e pessoas da escola onde estudou.

Com discernimento, a diretoria da escola fez a festa da família. E nessa festa cabem todos os tipos de família, a dele também coube ali. Cresceu, se tornou um jovem forte e corajoso. Mesmo sentindo a falta do amor de um pai, pôde perceber que ao seu redor tem pessoas que o amam muito, dedicou-se aos estudos, formou-se, conseguiu um trabalho. Tem orgulho da mãe maravilhosa que sempre lutou pelo melhor. Seu maior desejo é formar uma família ter seus filhos e lhes dar o amor que ele tem de sobra. Se não teve um pai presente, sua mãe por sua vez dedicou-lhe amor em dobro.

Que todo pai e toda mãe possam dar o amor que seus filhos necessitam. Não importa as circunstâncias em que vieram e sim que são seus filhos.