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Cotidiano | 13/03/2021 | 09:03

Simone Cândido: Ana Júlia Maiate Vieira, um exemplo de adaptação e garra

Ana Júlia não quer que seu aprendizado fique somente com ela, assim compartilha seu conhecimento nas redes sociais.

Simone Luiz Cândido

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Ana Júlia nasceu no dia 7 de abril de 2004 no Hospital São Donato em Içara. Com 11 dias, sua mãe Lourdes notou que tinha algo de errado. Durante o banho ela começou a revirar os olhos. Ali começou a luta até descobrir que tinha nascido com coloboma de íris e retina.

Foram muitas idas em vários especialistas. Foram feitos exames até que um médico de Florianópolis pediu exame da família e descobriu de era genético. A avó materna de Ana é cega do olho esquerdo e tem catarata no direto. Uma prima já fez várias cirurgias e está vendo só vultos. Lourdes, sua mãe, também tem falta de visão.

Ana Júlia tinha baixa visão em um olho e com cinco anos teve descolamento de retina no olho esquerdo. Fez cirurgia em Florianópolis, mas não obteve o resultado esperado. Ficando com a visão apenas no olho direito. Em outubro de 2019, Ana percebeu que sua visão estava ficando ruim e os olhos cansados. O médico já havia dito sobre a possibilidade de a retina vir a descolar, pois ela estava em fase de crescimento. Conseguiu finalizar o ano letivo e terminar as provas.

No dia 23 de janeiro de 2020, Ana acordou com mosquinhas na visão. Disse para mãe que estava cansada e iria deitar mais um pouco. Por volta das 9h, quando acordou, estava tudo completamente escuro sem enxergar mais nada. Chamou a mãe, que ligou para o hospital de Joinville. Logo lhes disseram que era para irem lá, que poderia ser descolamento de retina. Nesse hospital existe plantão e após vários exames constatou-se que a suspeita estava correta.

No dia seguinte, Ana foi submetida a uma cirurgia. O médico percebeu que, além de ter descolado a retina, estava amassada e fez também a retirada de catarata. Descobriu ainda a existência de uma camada de gordura atrás da retina. E a partir dali, Ana Júlia passou a não enxergar.

A volta pra casa foi bastante difícil. Ana teve insônia. Ficou muito triste. Pensou como seria sua vida dali para frente. Após a cirurgia, ficou em repouso. A família se uniu em apoio à Ana Júlia. Em especial seu pai Wagner e sua mãe Lourdes e seu padrasto Jefferson. Foram momentos difíceis, mas era preciso ajudar Ana Júlia a adaptar-se à nova realidade.

Foi um processo lento de cicatrização da cirurgia, além disso, a angústia vivida pelos pais e familiares com a nova realidade. Ana tinha apenas 15 anos. Após a alta, Ana Júlia não poderia ir na rua, pois a cirurgia inspirava muitos cuidados por ter perigo de infecção. Passou o tempo e ela estava recuperada. Agora seria a nova fase: aprender a usar a bengala para caminhar na rua. Foi aí que veio a pandemia de Covid-19.

Em 2020 Ana estudou no EEB Profª Salete Scotti dos Santos e aprendeu Braille, que é um sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão. Conseguiu passar o ano com o apoio dos professores, foi acompanhada desde o primeiro ano letivo pelo município de Içara, pela equipe do Atendimento Educacional Especializado. Em dois meses se realfabetizou, agora pela nova linguagem. A prefeitura disponibilizou duas máquinas de escrever para serem usadas em casa e na escola.

O ano de 2020 foi muito difícil para família. Ana acompanhou muitas notícias sobre a covid-19, entre elas, de pais que perderam os filhos. Nesse momento, Ana percebeu que deveria continuar sua vida aprendendo um dia de cada vez. A princípio, pensou em cursar Direito para poder lutar pelas pessoas com algum tipo de deficiência. Outra opção é fazer Psicologia. Após a última cirurgia em que perdeu a visão, percebeu a angústia de seus pais em lidarem com toda situação.

Ana Júlia tem uma conta no Instagram @anajuliamaiat, em que faz relatos de suas vivências, como faz suas atividades diárias e ali demonstra a força e coragem para viver da melhor forma possível. Neste ano de 2021, já está treinando o uso da bengala na escola. Assim cada dia se torna mais independente em suas atividades. É uma menina determinada, está sempre buscando novas formas de readaptar-se. Não quer que seu aprendizado fique somente com ela, assim espalha seu conhecimento nas redes sociais. Ana Júlia, menina guerreira, siga firme alcance teus objetivos.