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Cotidiano | 20/11/2021 | 10:22

Simone Cândido: Conheça o Movimento de Consciência Negra Chico Rosa

Grupo atua na divulgação da cultura afro em Içara desde 1997

Simone Luiz Cândido

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Como iniciativa de Nadir da Rosa dos Santos em 1997, um encontro da família Rosa e Oliveira foi articulado a fim de resgatar a etnia negra no município de Içara. Os primeiros contatos contaram com o total empenho da historiadora Derlei Catarina De Lucca e também da professora Maria de Fátima fraga, além das representantes do departamento de cultura Sanete Constância Monteiro, e Maria Helena Zanette Topanotti. Assim se deu início ao Movimento de Consciência Negra.

Sua primeira participação desse movimento social ocorreu no dia 1 de maio de 1997 na Festa do Trabalhador, evento promovido pela Prefeitura Municipal de Içara, onde outros municípios convidados participaram com grupos de dança afros e outros integrantes vestidos a caráter. A partir daí sentiu-se a necessidade da criação de um grupo apto para representar o município e divulgar a etnia negra na região.

O pensamento foi concretizado e nasceu então o Grupo Afro Chico Rosa e o Grupo de Capoeira Chico Rosa. O nome é uma homenagem a Francisco Bernardo da Rosa, içarense de Urussanga Velha. Ele mudou-se para Terceira Linha São Rafael, era popularmente conhecido por Nego Chico, ajudava muitos trabalhadores rurais como carneador de gado e faleceu em 1956. Com tanta popularidade e vários descendentes no grupo, sua neta sugeriu e foi consenso a homenagem.

Em 21 de novembro de 1997, em memória do líder negro Zumbi, o grupo promoveu o 1° encontro intitulado “O Grito dos Palmares”. A partir daí, todos os anos, o grupo promoveu eventos no mês de maio. Se tornaram inclusive uma tradição e fazem parte da cultura negra de Içara. Com missas, almoço, café, apresentações artísticas e distribuição de troféus com o intuito de gravar na memória dos içarenses o nome de Chico Rosa.



O Movimento Chico Rosa conta com 25 participantes. Alguns deles participam num grupo de canto da Pastoral Afro. O trabalho do grupo também se estende a comunidade Quilombola São Roque, da cidade de Praia Grande, com cestas básicas e brinquedos. Desde o início de 2020, as atividades presenciais foram suspensas devido à pandemia. Mas no próximo dia 12 de dezembro, o grupo vai retornar a cidade dos cânions para uma nova visita.

Para Nadir da Rosa dos Santos, coordenadora do movimento, é de suma importância a luta pelos direitos dos negros. “Não só no dia 20 de novembro, a gente tem que lutar sempre. É importante ressaltar que a luta é a continuação, sendo o estandarte da reafirmação de nossos direitos não somente como integrantes da etnia negra, mas, como cidadãos brasileiros. Os negros brasileiros precisam lutar pelo reconhecimento de nossos valores históricos culturais e por melhores espaços”, indica.

“Eu penso que não deveria ter um dia específico para falarmos sobre o tema, acredito que deveríamos ter consciência negra todos os dias. Porém, essa não é a realidade desta sociedade preconceituosa em que vivemos. Aqui no município de Içara não é diferente de outras que conheço, fazendo um recorte racial é possível perceber a invisibilidade da população negra, penso que um dos motivos deve ser a falta de oportunidade para dos negros que aqui residem. E são essas percepções me fazem pensar que é momento de construirmos mais grupos e organizações de ativistas negros e negras no município de Içara, trazendo outras demandas e olhar diferenciado voltados a políticas públicas e outras carências que a população negra do município apresenta. Justamente para que possamos somar e fortalecer o nosso eterno grupo Chico Rosa. Então neste 20 de novembro meu desejo e deixar essa frase para a população Negra: ACORDA IÇARA VAMOS RESISTIR PARA EXISTIR”.
Maria Estela Costa da Silva membro do Grupo Chico Rosa
O Movimento Chico Rosa vê a necessidade de mais pessoas negras participarem do movimento e assim continuarem o resgate da cultura e da história, mostrar a sociedade que tem seu lugar e merece ser respeitado e valorizados sem preconceito por sua etnia. Cabe a cada um de nós, negros ou não, ajudarmos a divulgar essa cultura tão linda, ensinarmos nossos filhos que a cor da pele não nos faz melhor ou pior que ninguém.

Somos seres humanos em constante aprendizado. Nosso país, nossas cidades são ricas em diversidade culturais. Temos várias etnias. Seguimos lutando para que todos os dias aconteçam à valorização e respeito onde estivermos.