Cotidiano | 12/02/2022 | 11:58
Simone Cândido: Depois da tempestade vem a bonança
Crônica da semana apresenta os confortos da vida moderna
Simone Luiz Cândido
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Em uma tarde de verão num grupo de família meus primos comentavam sobre suas vivências nos tempos de infância. Surgem vários relatos dessa época. Roupas com nomes que hoje achamos estranhos, calças femininas eram chamadas de eslaque, blusas eram cacharrel. Os calçados mais populares o famoso kichute, a conga, que existia de dois modelos, uma popular e outra da marca allcollor um pouco menos feio digamos assim.
Começamos os questionamentos sobre como era dormir naquele tempo no verão. Relembramos o veneno de mosquito usado nas bombas de dedetização aquelas amarelas. Eram colocados com a as casas fechadas ainda hoje lembramos do cheiro. Tinha o tal do boa noite um espiral verde que se acendia para afugentar os mosquitos.
Que sorte temos hoje inventaram aparelhos elétricos com venenos bem menos nocivos á saúde, cheiros até agradáveis. O ar condicionado então nem se fala o conforto que se tem agora.
Lembrando desse tempo questionamos se dormíamos com ventilador ligado, pois a maioria das casas tinha somente um ventilador. A suspeita foi confirmada passávamos calor, além de sentir o cheiro terrível do veneno ou a fumaça do tal de boa noite.
Após as conversas rirmos bastante, com todo esse resgate histórico agradecemos os confortos que hoje existem. Isso se deu numa segunda-feira. Mal sabia eu que alguns dias depois iria experimentar os tempos de infância.
Numa quarta-feira de verão, com sensação térmica de 40°, resolvi organizar algumas coisas em casa. O dia foi realmente muito quente e para se realizar algumas tarefas diárias é impossível estar com ventiladores ligados e mesmo assim não daria conta. Fim da tarde após suar muito, alguns banhos e trocas de roupas encerrei minhas tarefas.
Olhei para o céu vinha um temporal daqueles com muito vento. Fechei a casa rapidamente separei as lanternas caso precisasse se houvesse falta de energia.
Foi muita chuva e trovoada, algum tempo depois faltou luz, acendi uma vela para poupar a lanterna caso precisasse da bateria. O calor aumentou ainda mais, abrimos as janelas, logo entraram os mosquitos. Por sorte tinha repelente em casa.
Demorou uma hora ligamos para cooperativa, nos informaram que iria demorar para voltar pois haviam caído três postes do alimentador da Celesc. Geralmente em nossa cidade Jacinto machado no máximo duas horas é a falta de energia.
Dessa vez seria um pouco diferente iria demorar um pouco mais. O calor, os mosquitos e depois a fome. E lá fui eu fazer o verdadeiro jantar à luz de velas. Foi uma experiência bem difícil. Pudemos experimentar como era há muito tempo atrás quando não existia luz elétrica.
Após algumas horas sem luz, a chuva parou abrimos as janelas não tinha lugar onde se pudesse ficar sem sentir o calor agora sem ventilador, nem ar condicionado. Sai na rua devidamente protegida com repelente. Não foi fácil andava de um lado para o outro, as crianças não conseguiam dormir, até que foram vencidas pelo cansaço mesmo em meio ao calor da noite sem luz elétrica.
Se passaram oito horas quando a luz voltou. Ficamos das 19h até as 3h sem luz. Pouco dormimos nessa noite. Enquanto isso os funcionários da cooperativa trabalhavam mesmo com chuva para o restabelecimento da energia.
Num outro bairro, chamado Araçá, caíram dez postes e só foi restabelecida a energia às 10h do dia seguinte. Quando passamos por algum sofrimento sempre terá alguém que sofreu mais que nós.
Depois dessa experiência difícil, pude valorizar ainda mais tudo o que temos nos dias atuais, valorizo também os trabalhadores que numa noite de tempestade trabalharam para que outros pudessem ter a energia restabelecida.
Como é bom ter energia elétrica! Depois dessa tempestade veio a bonança. Voltamos a ter energia para amenizar o calor daquela noite.