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Cotidiano | 27/11/2021 | 10:44

Simone Cândido: o conto do macaco da cara branca

História relata as marcas dos índios Xokleng na região

Simone Luiz Cândido

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A Academia Criciumense De Letras (ACLe) fez a premiação aos vencedores do seu Concurso Literário na XV Feira do Livro de Criciúma no último dia 19 de novembro. Eu e minhas filhas recebemos medalhas e a revista literária com todos os textos premiados, dentre eles, um que tiver o terceiro lugar na categoria Conto com uma história inspirada em fatos da cidade de Jacinto Machado, onde resido atualmente.

O mistério do macaco da cara branca.

Há muitos anos, em Jacinto Machado, uma cidade do interior de Santa Catarina, existia um lugarejo com terras muito produtivas, onde moravam os índios Xokleng. A tribo plantava e colhia frutas nativas da floresta e pinhão, pescava, utilizava as águas da cachoeira para tomar banho e fazer sua alimentação. Os índios viviam tranquilamente!

À noite, faziam fogueiras para afugentar animais, morcegos e, muitas vezes, dormiam nas cavernas aguardando o amanhecer para caçarem ou pescarem no rio e desenhavam figuras como árvores, animais, colocando assim, a leitura do seu cotidiano, criando dessa forma seus primeiros escritos. Entre os desenhos havia o “macaco da cara branca” uma figura que para eles era reverenciada.

Alguns anos se passaram e vieram os homens brancos! Invadiram suas terras gerando um tempo de angústias para a tribo. Os fazendeiros cercaram terras que chamaram “Pinheirinho do Meio”, pois havia muitos pinheiros na região. Houve grande conflito e os índios Xokleng ficaram acuados pelos novos moradores da região. Eram acusados de invasão, mas na verdade, foram os fazendeiros que invadiram as terras.

Os fazendeiros contrataram os bugreiros, que eram pagos para extinguir os índios. Muitas lutas foram travadas nessas terras e os índios fizerem um cemitério no alto da colinha, após as cavernas que serviam de moradia. Fugiram para lá, no alto da montanha, em busca incessante de recuperarem suas terras. E, ali na montanha, enterravam seus mortos.

Bem no início da colina existia uma grande pedra branca e em certa hora do dia aparecia o macaco da cara branca. Os índios o reverenciavam pedindo boas energias, proteção e cura. Infelizmente, os indígenas foram extintos pelos bugreiros, os dois últimos que restaram contraíram doenças trazidas pelo homem branco, vindos a falecer. Nesse local, os fazendeiros tomaram posse de tudo!

Muitos anos depois, por volta de 2010, um casal resolveu comprar essas terras e descobriu a misteriosa pedra branca onde todo o dia ao fim da tarde se vê estampado o macaco da cara branca. Érica e Jorge se encantaram pelo lugar! Construíram uma pousada que atualmente se chama “Testa do Macaco” devido à pedra onde o macaco da cara branca aparece todo fim da tarde. O local possui infraestrutura para passeios, trilhas, tirolesa ponte de arame e o regate da história dos índios Xokleing.

O casal construiu um centro de eventos que leva o nome de seu filho João Pedro, um grande lutador que deixou rastros de amor. Érica e Jorge resgatam a memória de um povo que lutou pela vida e pela preservação da natureza. Gratidão aos índios Xokleng!