Cotidiano | 20/08/2022 | 07:49
Simone Cândido: Quais as memórias olfativas você guarda na lembrança?
E quais os significados você tem de cada cheiro?
Simone Cândido
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Ainda na minha infância minha mãe costumava fazer bolachas com sal amoníaco e pães caseiros. O cheiro ficou impregnado nas minhas memórias.
Essa semana numa noite fria resolvi fazer broas sem glúten e sem lactose fiz a massa num ritual parecido com o que minha mãe fazia, só que as minhas eram sem trigo. Assim que coloquei para assar senti o cheiro da minha infância. Lembranças tão boas regadas com o afeto que minha mãe fazia as bolachas e os pães.
Minhas memórias olfativas são inúmeras, o cheiro de cominho quando cozinho me lembra minha tia Luiza quando cozinhava pra gente, sentir o cheiro do tempero enquanto cozinho me alegra me faz retornar a minha infância na casa da tia Luiza em Torres no Rio Grande do Sul.
O cheiro de pimentão me lembra minha outra tia Otília quando cozinhava pra nós numa época em que passei alguns dias na casa dela em Porto Alegre para realizar alguns exames. Cada um desses aromas me traz de volta todo amor e dedicação que tiveram por nós. Ambas irmãs do meu pai Luiz já partiram para eternidade, mas as lindas lembranças marcaram cada um de nós.
As bergamotas do inverno me lembram a casa da tia Nair que com a graça de Deus ainda vive entre nós, bolinhos de chuva com café com leite e bergamotas que a gente descascava de baixo do pé, brincávamos nos domingos na grama, colhendo laranjas e amoras silvestres. Num tempo em que não havia telefone a gente ia sem avisar, mas a acolhida era sempre a mesma café quentinhos bolinhos de chuva no caldeirão feito no fogão a lenha. Vários primos já estavam lá visitávamos nossa nona Rosa que morava com a tia.
O cheiro de café coado na hora me lembra muitas pessoas uma delas é a tia Adelir, as tortas e doces me lembram tia Adélia que mesmo morando no interior esperava as visitas com bolos e doces não sabia quando viriam, mas se alguém chegasse estaria pronta para receber.
A bolacha de leite que a maioria de nós chamava de bolacha da vaca me lembra do café da tia Ivone, em breve irei lhe visitar matar a saudade desse café tão maravilhoso da minha tia tão querida.
Cheiro de terra molhada lembra a chuva caindo e a gente apreciando a chuva com as janelas abertas, gostávamos de observar a chuva caindo com ela o cheiro da terra.
Cheiro de mata, de cipó mil homens que às vezes sinto quando vamos em lugares com matas, tem o cheiro do chá pra febre da infância, cheiro de mata tem cheiro de ar puro.
Todos os cheiros que marcaram nossas vidas seguem com muitos significados, o perfume da tia Orandina que existe até hoje o Tabu, perfumes de tantas pessoas que se foram antes de nós que quando sentimos nos trazem tantas memórias lindas de amor. Marcas que carregamos em nós de momentos especiais.
Quero deixar marcas de amor sempre que cozinhar para alguém, estiver com pessoas especiais, criar lindas memórias olfativas para que no futuro seja lembrada também nessas memórias. Que cada um de nós possa aproveitar momentos especiais e eternizar memórias olfativas por onde passar.