Cotidiano | 28/05/2022 | 10:14
Simone Cândido: Resgate o amor-próprio
Todo dia é dia para mudanças e hoje é um lindo dia!
Simone Cândido
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Era apenas uma adolescente de 12 anos começara a ter gosto por maquiagens, arrumar os cabelos, aprender sobre depilação. Algumas coisas que a faziam sentir-se bonita. Olhava-se no espelho, penteava seus cabelos, colocava cremes para finalizar o penteado... Havia comprado alguns batons de cores claras, pois sua mãe não gostava que ela usasse cores escuras.
Mudanças em seu corpo de menina a faziam ficar um pouco tímida. Tinha alguns olhares de garotos para ela, pois estava se tornando uma mulher.
Alguns desafios a atormentavam: a tal depilação. Certa feita foi usar lâmina para se depilar, cortou-se. “Nossa, isso é difícil demais”, pensou. Preferia ser menina, brincar com bonecas. Ser adolescente, tornar-se mulher não era tarefa fácil.
Aos poucos foi descobrindo sobre depilação, tipos de cera, quente, fria, rolon, entretela, talco para que a cera pudesse colar nos dias quentes. Assim foi montando seu arsenal depilatório. A princípio ela chorava cada vez que tinha que fazer a tal depilação. Depois tirou de letra e o tal sacrifício da depilação havia se tornado algo bom, pois sentia-se bonita.
Aprendeu a fazer suas unhas nos fins de semana. Era sagrado todo sábado lá pelas quatro da tarde, pegava seu kit de unhas. Unhas feitas, depilação em dia, make, delineador. Estava pronta para sair de casa sentindo-se bem. Cuidava-se e lá ia ela nas baladas e se divertia. Alguns anos depois encontrou alguém especial, casou-se, aumentaram as tarefas de casa... Ela já não tinha o mesmo tempo disponível, esquecera um pouco de si.
A adolescente de 12 anos já tinha seus vinte e poucos anos. Crescera, mas em algum tempo perdeu-se. Cansada das novas tarefas, além de trabalhar fora, chegar à casa fim do dia... As unhas dos sábados foram substituídas por outras tarefas que ela não conseguia terminar até às quatro da tarde. Entre descansar e fazer as unhas, ela trocou por descansar. Aos poucos foi percebendo que se havia perdido da menina de 12 anos, animada cheia de amor-próprio, embora ela nunca descuidasse de si mesma ou se tratasse com desleixo.
Alguns anos após o casamento vieram os filhos e o cansaço. Ela precisava escolher se cuidava mais das crianças ou dela mesma. Por amor, ela foi se tornando simplesmente mãe e esposa deixou de si mesma, cuidava-se a prestação.
Coloria os cabelos, pois isso é o mínimo que ela poderia fazer para sentir-se bem consigo mesma. Usava cremes corporais e de cabelos; fazia depilação e a essa altura havia se tornado expert nunca mais chorou, isso é motivo para que se sinta bem.
Quantas de nós mulheres vamos deixando o amor-próprio de lado? Pelo cansaço das tarefas diárias. Precisamos olhar para nós mesmas, com o mesmo olhar da descoberta dessa menina adolescente de apenas doze anos que foi se perdendo com o tempo.
Elogiar, ajudar essa mulher a continuar amando-se, cuidando-se, quando uma mulher está ao lado de alguém que a elogia, seja apenas um amigo, ou marido, namorado. Essa mulher consegue sim tornar-se uma mulher bela com autoestima alta amando-se do jeito que ela é.
Esse cuidar-se se torna algo prazeroso quando nos sentimos amadas e acolhidas, não necessariamente precisamos ter alguém ao nosso lado, nós podemos ajudar umas às outras a nos valorizarmos. Se ainda pudermos incentivar a cuidar-se então teremos um mundo próximo de nós com mulheres felizes sentindo-se plenas.
O importante é que cada uma de nós independentemente de como somos tenhamos amor por nós, àquelas mulheres que estão em tratamento de alguma doença podem sim e devem ser incentivadas a amar-se.
E quanto a nós mães, esposas trabalhadoras, simplesmente mulheres com dores aflições angústias, que tal tirarmos um tempo para nós? Ainda é tempo para mudarmos, podemos resgatar a menina adolescente cheia de amor-próprio cheia de sonhos. Somos mulheres que podem e devem sentir-se lindas. Todo dia é dia para mudanças e hoje é um lindo dia.