Wilson Dias [Agência Brasil]
Cotidiano | 08/03/2015 | 23:03
Soja poderá ajudar na luta contra Aids
Especial de Andreia Verdélio, da Agência Brasil
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A biotecnologia está, a cada dia, propondo novos rumos para a indústria farmacêutica. A novidade é que pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conseguiram extrair e purificar a cianovirina cultivada em soja transgênica. Trata-se de uma proteína presente em algas que é capaz de impedir a multiplicação do vírus HIV.
A pesquisa publicada pela revista Science comprova que as sementes de soja geneticamente modificadas constituem, até o momento, a biofábrica mais eficiente e uma opção viável para a produção em larga escala da proteína. “Estamos trabalhando para atingir esta etapa há cinco ou seis anos”, explica o pesquisador de Recursos Genéticos e Biotecnologia, Elíbio Rech.
Desenvolvida desde 2005, a pesquisa com biofábricas para a cianovirina é feita em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e a Universidade de Londres. O objetivo é produzir um gel, com propriedades viricidas para que as mulheres apliquem na vagina antes do relacionamento sexual.
O gel não é uma vacina contra a Aids e nem um substituto ao preservativo, mas um coadjuvante importante no sistema. “O nosso foco é principalmente a África, onde grande parte das mulheres são contaminadas com HIV pelos parceiros. Na cultura de muitos países o uso do preservativo não é respeitado. Com esse produto a mulher não precisa da opção do homem em querer usar ou não, ela mesmo pode se prevenir”, disse o pesquisador.
Segundo a Embrapa, se a soja transgênica for plantada em uma estufa menor do que um campo de beisebol (97,54 metros) é possível fornecer cianovirina suficiente para proteger uma mulher por 90 anos. “Começamos a avaliar o uso da soja e do tabaco não só para o agronegócio, mas dele indo para o setor farmacêutico e para o setor industrial”, revela Elibio.