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Cotidiano | 03/01/2023 | 10:51

Taise Domiciano: A curiosidade como aliada da criatividade

Quanto mais curiosos e sedentos por conhecimento, mais vamos aumentar nosso repertório

Taise Domiciano

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Na maioria das vezes em que comento com alguém que sou muito curiosa, percebo um olhar torto, como quem diz “Essa aí quer saber da vida de todo mundo”. Há um grande equívoco, quando falamos de curiosidade, pois algumas pessoas entendem curiosidade como o interesse por fofoca. Isso não é curiosidade e eu vou te explicar o que de fato é.

A curiosidade é um sentimento importante que nos tira da zona de conforto e nos instiga a enxergar o mundo de maneiras diferentes. Ela serve como motivador para a procura por soluções incomuns.

Quando falo de curiosidade, a primeira coisa que vem a minha mente são as crianças. Elas sempre querem conhecer mais e mais. Elas sabem que há um mundo gigante e que elas precisam descobrir aquilo que ainda não sabem.

Pesquisadores vem descobrindo evidências de que a curiosidade está correlacionada com a criatividade, inteligência e resolução de problemas. Segundo um estudo publicado pela revista Neuron no ano de 2014, a química do cérebro muda quando ficamos curiosos, nos ajudando a apender e a reter melhor as informações.

Além disso, Ian Leslie disse: “A curiosidade é indisciplinada. Não gosta de regras, ou no mínimo considera que todas as regras são provisórias, sujeitas à laceração de uma pergunta inteligente que ninguém ainda pensou em perguntar. Ela despreza os caminhos aprovados, preferindo desvios, excursões não planejadas, curvas súbitas à esquerda.”

Por isso que a curiosidade é um ingrediente fundamental e potencializador da criatividade. Na maioria das vezes queremos encontrar uma solução rápida e com menos chances de errar e por isso optamos pelo caminho já conhecido, sem precisar se preocupar com o novo e suas possibilidades.

Além disso, temos outro agravante quando se trata de ser curioso e navegar por lugares desconhecidos – o ego. Nosso ego está presente para se apressar em falar antes de todos e ficar extremamente irritado caso alguém não concorde conosco, ou para fazer uma reunião interna em nossa mente, do tipo: “você não tem certeza disso. Não fale nada”. Em nenhum dos casos ele nos ajuda.

Precisamos libertar nossa curiosidade para que ela possa minimizar o ego e se aventurar nas novas oportunidades. Precisamos estar dispostos a conhecer aquilo que ainda não conhecemos e muitas vezes abrir mão de algo que para nós era tido como verdade até então. Brené Brown disse que “um número maior de pesquisadores acredita que a curiosidade e a construção do conhecimento crescem juntas – quanto mais sabemos, mais queremos saber.”

E quanto mais curiosos e sedentos por conhecimento, mais vamos aumentar nosso repertório e poder conectar elementos que estão desconectados, fazer associações ainda não feitas e construir o que ninguém construiu ainda.